Tensão na Europa faz dólar atingir maior nível em quase três anos

O dólar fechou nesta quarta-feira no maior patamar em quase três anos, cotado a R$ 1,962. A moeda americana subiu 1,23% nesta sessão, pressionada pelo impasse envolvendo a liberação da parcela de 5,2 bilhões de euros para a Grécia, que aconteceria ainda esta semana. As preocupações com o sistema bancário espanhol também impulsionaram a moeda. […]

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O dólar fechou nesta quarta-feira no maior patamar em quase três anos, cotado a R$ 1,962. A moeda americana subiu 1,23% nesta sessão, pressionada pelo impasse envolvendo a liberação da parcela de 5,2 bilhões de euros para a Grécia, que aconteceria ainda esta semana. As preocupações com o sistema bancário espanhol também impulsionaram a moeda.

Antes desta quarta-feira, o maior patamar registrado foi R$ 1,970, em 14 de julho de 2009. Também contribuiu para o avanço da divisa norte-americana nesta quarta-feira o recuo breve das taxas curtas projetadas pelos DIs na parte da manhã. Em grande medida, o movimento do dólar no mercado doméstico acompanhou a deterioração do sentimento dos investidores no exterior, com os índices acionários em queda, diante do temor de ruptura na zona do euro.

A Grécia e os bancos na Espanha permaneceram no foco dos investidores. Analistas internacionais observam que o impasse político na Grécia faz com que aumente a percepção de que este pode ser o início da saída da Grécia da zona do euro. Os representantes de países da região concordaram em liberar 4,2 bilhões de euros para a Grécia na quinta-feira.

No balcão, na mínima do dia, o dólar foi a R$ 1,9510. Na BM&F, a moeda spot encerrou com alta de 1,21%, a R$ 1,9604 (preliminar). O Banco Central continuou fora do mercado de câmbio à vista. A mais recente atuação para compra da moeda foi no dia 27 de abril.

O dólar vem subindo nos últimos meses como resultado não apenas das tensões internacionais, que levam os investidores a comprar a moeda norte-americana em busca de segurança, mas também em função das medidas tomadas pelo governo brasileiro, diz Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper. “As medidas de contenção da moeda brasileira, como o aumento do IOF, acabam evitando a entrada do dólar no Brasil e provocando uma aversão a investimentos no País,” afirma.

Nesta quinta-feira, os dados de fluxo cambial do Banco Central mostram isso. No início de maio, o fluxo ficou negativo em US$ 1,787 bilhão, sendo que a saída de moeda se deu exclusivamente pela conta financeira, que foi negativa em US$ 2,439 bilhões.

O dólar também segue ganhando terreno em relação às principais moedas do mundo. Já os juros futuros tiveram um dia de correção técnica, estimulados pelo IPCA de abril, que subiu 0,64%, acima das previsões do mercado.

As perspectivas para o dólar dependem dos desdobramentos não apenas da situação europeia, como também do cenário interno que, segundo o professor Alexandre Chaia, também envolve as recentes pressões do governo para a redução dos juros. “Essas pressões acabam gerando uma instabilidade institucional, os investidores ficam sem saber o que mais pode acontecer no futuro,” comenta. Se o cenário interno e externo mudar, ele diz que o dólar pode voltar a cair e até chegar perto de R$ 1,60. “Se o governo deixar de tomar medidas a conta gotas – o que gera incertezas –  pode acabar com o clima de contestação e a tendência do dólar pode começar a ser de queda” diz.

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