Secretária-executiva de Comitê teme aumento dos casos de exploração sexual durante a Copa

A secretária-executiva do Comitê de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Karina Figueiredo, afirmou há pouco que não existem hoje, nos serviços públicos de saúde e assistência social, programas específicos em quantidade suficiente para atender meninas e meninos em contexto de exploração sexual. “Muitas vezes, essas crianças estão na rua e são dependentes…

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A secretária-executiva do Comitê de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Karina Figueiredo, afirmou há pouco que não existem hoje, nos serviços públicos de saúde e assistência social, programas específicos em quantidade suficiente para atender meninas e meninos em contexto de exploração sexual.

“Muitas vezes, essas crianças estão na rua e são dependentes químicas. Elas não podem ficar nas casas de apoio, porque essas instituições não aceitam pessoas com esse perfil. Esses locais também não aceitam meninos travestis ou transsexuais. As políticas sociais não estão preparadas para receber esse público”, declarou a debatedora.

Karina também manifestou preocupação com a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. “Ficamos sabendo que já estão sendo vendidos alguns pacotes para a Copa que incluem serviços sexuais de mulheres e adolescentes. Queremos saber quais os investimentos sociais estão sendo feitos para impedir violências e a exploração sexual de meninas e meninos durante os jogos”, destacou.

Obras

Outra preocupação revelada pela debatedora foi as grandes obras que estão sendo feitas em todo o País, muitas delas ligadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo a secretária-executiva, em muitos casos, o desenvolvimento econômico não está contribuindo para o desenvolvimento social.

A expositora citou como exemplo as duas hidrelétricas que estão sendo construídas no Rio Madeira, em Rondônia. “Percebemos uma situação caótica, em que as ruas todas daquela localidade foram tomadas por bares, que foram transformados em pequenos bordéis, com adolescentes bebendo na rua e se prostituindo”, denunciou.

De acordo com Karina, a região onde as hidrelétricas estão sendo construídas recebeu 22 mil trabalhadores e não houve preparação do Estado para resguardar as crianças. “Verificamos o tráfico de meninas que vieram da Bolívia e do Nordeste. É tudo muito naturalizado, muitos consideram normal o abuso sexual de meninas e adolescentes nessas localidades”, disse.

De acordo com a secretária, houve aumento de 200% dos casos de estupros confirmados na região das hidrelétricas e aumento do número de gravidez de adolescentes. “Ao conversarmos com a comunidade local e com as autoridades, a fala comum era ‘as mães que segurem as suas filhas’ ou ‘homem é assim mesmo’. São poucas as pessoas, no contexto daquela comunidade, que se sensibilizam com essa situação. Os demais naturalizam a exploração sexual”, lamentou.

Karina Figueiredo participou de audiência pública da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento já foi encerrado.

 

Conteúdos relacionados