Sarkozy não consegue se impor sobre Hollande em debate na TV

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez nesta quinta-feira um último apelo aos eleitores de extrema direita, no dia seguinte a um acalorado debate em que ele foi incapaz de nocautear seu rival no segundo turno eleitoral de domingo, o socialista François Hollande. Hollande, que lidera as pesquisas por uma margem de 6 a 10 […]

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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez nesta quinta-feira um último apelo aos eleitores de extrema direita, no dia seguinte a um acalorado debate em que ele foi incapaz de nocautear seu rival no segundo turno eleitoral de domingo, o socialista François Hollande.

Hollande, que lidera as pesquisas por uma margem de 6 a 10 pontos percentuais, mostrou-se calmo e inabalável durante as quase três horas de discussões na quarta-feira à noite, enquanto o conservador Sarkozy estava agitado e tenso.

Analistas disseram que o confronto, visto por 17,8 milhões de pessoas, num eleitorado total de 44,5 milhões, não mudou os rumos da disputa, pois provavelmente só reforçou as opiniões do eleitorado numa campanha em que o estilo e a personalidade dos candidatos pesaram quase tanto quanto suas propostas.

“Foi um empate, mas, como o sr. Hollande começou como favorito, ele continua como favorito”, escreveu Françoise Fressoz em artigo no diário Le Monde. O sr. Sarkozy não conseguiu desestabilizá-lo, o que era o seu objetivo desde o início.”

Voltando à mídia nesta quinta-feira, último dia oficial da campanha, Sarkozy se dirigiu aos 18 por cento de eleitores que optaram no primeiro turno pela candidata da Frente Nacional (ultradireita), Marine Le Pen, que declarou voto em branco e liberou seu eleitorado para votar como preferirem.

“Quero falar diretamente com os eleitores da Frente Nacional. Quem iria se beneficiar se vocês votarem em branco? Isso iria beneficiar Hollande, a regularização dos imigrantes (ilegais), loucos gastos excessivos”, disse ele à rádio RTL.

O presidente disse também que as pesquisas de opinião “estão mentindo”, e que a disputa está ainda mais “aberta depois do debate”.

Comentaristas de TV disseram que Sarkozy atuou no debate “como um pugilista”, e Hollande como um “judoca”, usando tiradas graciosas e interjeições para desequilibrar o adversário. “Hollande preside o debate”, escreveu o esquerdista Libération em sua capa. Já o direitista Le Fígaro saiu com a manchete “Alta tensão”, e observou que todos os líderes da zona do euro que buscaram a reeleição desde 2008 perderam. O jornal avaliou, no entanto, que as divisões na esquerda francesa e as políticas ultrapassadas de Hollande fazem com que Sarkozy continue com chances.

O socialista, de 57 anos, começou o debate prometendo ser o “presidente da justiça” e o “presidente da unidade”, e disse que Sarkozy usou a crise econômica global como pretexto para descumprir promessas. “Com o senhor é muito simples: nunca é sua culpa”, disse Hollande.

Já Sarkozy acusou o rival de mentir sobre cifras econômicas, desfiou pilhas de estatísticas e ironizou a promessa de Hollande de ser um “presidente normal”. “Sua normalidade não está à altura do desafio”, disse.

Os dois discutiram sobre a Europa, que se tornou um dos maiores temas da campanha, e também sobre a recuperação econômica, o desemprego de 10 por cento, energia nuclear e imigração.

“O exemplo que eu quero seguir é o da Alemanha, não da Espanha ou da Grécia”, disse Sarkozy, salientando seu papel, junto com o governo alemão, em combater a crise da dívida na zona do euro. “A Europa a superou”, afirmou.

Hollande reagiu: “A Europa nunca superou. A Europa hoje está enfrentando um possível ressurgimento da crise com austeridade generalizada, e é isso que eu não quero”.

Sarkozy, que é visto por muitos como culpado pelos problemas econômicos, tem um estilo visto como arrogante e extravagante por muitos eleitores, e é o mais impopular presidente a tentar a reeleição na história da França. No mês passado, ele se tornou o primeiro ocupante do cargo a não ficar em primeiro lugar no turno inicial de votação.

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