Programa multimídia comemora os 90 anos do rádio no Brasil

O Pão de Açúcar e a Enseada de Botafogo, em um começo de tarde ensolarado, serviram de cenário para o programa multimídia ocorrido hoje (7) no Parque do Flamengo, na zona sul da capital fluminense, que comemorou os 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil. Durante 90 minutos, das 12h30 às 14h, o público […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O Pão de Açúcar e a Enseada de Botafogo, em um começo de tarde ensolarado, serviram de cenário para o programa multimídia ocorrido hoje (7) no Parque do Flamengo, na zona sul da capital fluminense, que comemorou os 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil. Durante 90 minutos, das 12h30 às 14h, o público que freqüenta o parque pôde acompanhar o programa, transmitido ao vivo via TV, rádio e web pelos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O programa foi conduzido, em forma de bate-papo, pelos apresentadores Renana Lessa, da TV Brasil, e Cristiano Menezes, da Rádio Nacional, e destacou o papel do cientista e educador Edgar Roquette Pinto como incentivador do rádio no Brasil. Convidados especiais, entre eles a própria filha de Roquette Pinto, Carmem, abordaram os primórdios e a evolução do veículo ao longo desses 90 anos.

O evento também marcou o lançamento do portal da EBC, que terá a missão de produzir e disseminar comunicação pública de qualidade no meio digital e integrar os conteúdos dos demais veículos da empresa.

Números musicais, a cargo do conjunto Época de Ouro, ilustraram o programa com um repertório que abrangeu desde o primeiro samba, Pelo Telefone, de Donga, a Chega de Saudade, de Tom Jobim. Ao veterano radioator Gerdal dos Santos, da Rádio Nacional do Rio, coube recriar, devidamente caracterizado, personagens importantes ligados à história do rádio, a começar pelo presidente Epitácio Pessoa, cujo discurso na abertura da exposição do Centenário da Independência, em 1922, inaugurou a primeira transmissão radiofônica no país.

“Meu pai, que tinha muita preocupação com a educação, percebeu no rádio uma grande ferramenta para levar essa educação a vários lugares”, disse Carmen Roquette Pinto, em seu depoimento ao programa. Segundo ela, foi o grande interesse, de antropólogo que era, pelo homem, pela liberdade, pela democratização da informação que conduziu o pai, juntamente com outro cientista, Henrique Morize, a fundar no ano seguinte, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

“O Morize era astrônomo e diretor do Observatório Nacional. Nenhum deles era da área de comunicação, mas sim pesquisadores com interesse na divulgação da ciência e da cultura”, disse. Para o presidente da EBC, Nelson Breve, a exemplo do Padre Landell de Moura, inventor brasileiro pioneiro da transmissão de voz, usando equipamentos de rádio de sua criação, Roquette Pinto deveria também fazer parte do Panteão dos Heróis da Pátria. “Ele teve a visão de que a comunicação pública é importante para prover os cidadãos brasileiros do direito de saber e do direito de dizer”, declarou.

Autor do livro A Era do Radioteatro, o radialista e professor universitário Roberto Salvador, um dos convidados especiais do programa, lembrou que a primeira transmissão de rádio no Brasil foi uma externa. ”O rádio no Brasil não nasceu dentro de um estúdio, mas sim na rua, no espaço público. E estamos hoje aqui em num espaço público comemorando seus 90 anos”, disse.

Para Gerdal dos Santos, que também interpretou no programa, entre outros, o poeta Carlos Drummond de Andrade e o quadro Primo Pobre, um dos tipos do programa humorístico Balança Mas Não Cai, da Rádio Nacional, a participação no evento foi um momento especial. “Este ano eu também estou completando 70 anos de rádio, onde comecei aos 12 anos de idade, e 60 de funcionário da Nacional”.

Gerdal ingressou no rádio em 1942, quando foi representar sua escola na entrega na Rádio Tupi de uma doação aos expedicionários brasileiros na 2ª Guerra Mundial. “Pedi para participar do programa A Hora do Guri. Fiz um teste, fui aprovado e estou no rádio até hoje”, disse.

Em pé, acompanhando o programa desde o início, a aposentada Marli Aparecida Gonçalves, de 71 anos, falou da importância do rádio em sua vida. “Eu fui criada ouvindo rádio – Nacional, Mayrink Veiga, Tupi. Não troco o rádio por nada dessa vida. Minhas filhas já estão com 35 e 40 anos e eu sempre ensinei a elas a ouvir o rádio. Foram elas mesmo que me avisaram desse programa aqui no Aterro do Flamengo”, declarou.

Conteúdos relacionados