Professores da fronteira Brasil e Bolívia trabalham integração de conteúdo escolar
Corumbá é o primeiro município localizado na área de fronteira a realizar o Curso para os Professores do Brasil e da Bolívia, dentro do Programa Escolas Interculturais de Fronteira, que recebe apoio do Ministério da Educação (MEC). “Essa capacitação vai ser desenvolvida em todas as fronteiras e nós conseguimos ser a primeira no Brasil a […]
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Corumbá é o primeiro município localizado na área de fronteira a realizar o Curso para os Professores do Brasil e da Bolívia, dentro do Programa Escolas Interculturais de Fronteira, que recebe apoio do Ministério da Educação (MEC). “Essa capacitação vai ser desenvolvida em todas as fronteiras e nós conseguimos ser a primeira no Brasil a fazê-la. Nossa ação está sendo considerada padrão e deve ser seguida em outras fronteiras”, comentou a professora Suzana MancillaBarreda, do Campus do Pantanal (UFMS), coordenadora local do programa que é desenvolvido numa parceria com a Universidade Federal e a Secretaria Municipal de Educação.
O primeiro módulo do curso para professores começou na sexta-feira, 15 de junho, no auditório da escola municipal CAIC Padre Ernesto Sassida e, segundo a professora Suzana, é um momento de conhecimento entre os profissionais. “Estamos numa etapa inicial em que vamos desenvolver temas relacionados à língua, à identidade, à cultura, aos sistemas educativos e como eles se dão, por exemplo, na Bolívia e no Brasil, porque são diferentes. Essa primeira etapa é de sensibilização sobre o olhar à fronteira, quem mora nela, o que gera esse trânsito e também quais são essas diferenças. Diferenças essas que não devem gerar uma diferenciação e pior um distanciamento, preconceitos e mal-entendidos que, ás vezes, são gerados pelo desconhecimento”, analisou.
O secretário de Educação de Corumbá, professor Hélio de Lima, esteve presente na abertura da capacitação com os educadores das duas nacionalidades e conversou com o Diário. “Os bolivianos não podem ser pessoas invisíveis dentro da cidade de Corumbá. Eles participam economicamente, culturalmente, socialmente. Tanto é que muitos deles têm dupla nacionalidade, eles não estão ilegais aqui dentro de Corumbá e por isso as embaixadas do Brasil e da Bolívia estão participando desse projeto. É toda uma rede de educadores e pessoas interessadas a discutir a fronteira como ponto importante onde podemos fazer tendo a diversidade como diferencial e elemento para uma educação de qualidade para todos”, observou ao lembrar que a interação naturalmente ocorre, entretanto passa agora a ser analisada para que o ensino retire dela todo riqueza pedagógica possível.
“Nós já vivemos isso, temos 687 alunos bolivianos nas escolas do município de Corumbá, tem 62 alunos brasileiros estudando nas escolas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, então tem que ter essa integração da língua, do conteúdo, da cultura. Nós vivemos numa região que a cultura é muito rica, tanto a boliviana como a brasileira, e isso pode ser trabalhado com os alunos dentro de sala de aula com o ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola, Matemática, Geografia, História, etc. Essa interação é de fundamental importância entre professores”, disse.
Depois deste primeiro módulo, que terá carga horária total de 40 horas/aula, mais 20 horas serão feitas à distância. O próximo encontro acontecerá na Bolívia também com a presença dos professores dos dois países.A intenção deste curso, nesta etapa inicial, é fazer com que as escolas participantes sigam o calendário e as práticas curriculares de seus respectivos sistemas de ensino. Ainda este ano, segundo a coordenadora Suzana, os resultados dessa primeira fase do programa devem gerar um artigo científico com as avaliações das atividades nos dois lados da fronteira, além da realização de um seminário.
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