Petrobras e Repsol defendem seus negócios na Argentina
A Petrobras e a hispano-argentina Repsol-YPF negociam esta semana com o governo argentino a defesa de seus negócios, acusadas de não fazer investimentos, informaram nesta segunda-feira fontes oficiais e empresariais. O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, receberá na terça-feira diretores da Petrobras e autoridades de Neuqyén, província que acaba de cancelar uma ár…
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A Petrobras e a hispano-argentina Repsol-YPF negociam esta semana com o governo argentino a defesa de seus negócios, acusadas de não fazer investimentos, informaram nesta segunda-feira fontes oficiais e empresariais.
O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, receberá na terça-feira diretores da Petrobras e autoridades de Neuqyén, província que acaba de cancelar uma área de exploração.
“Cumprimos os planos de investimentos em torno dos 10 milhões de dólares no último triênio”, disse à AFP em Buenos Aires uma fonte da companhia brasileira que pediu para não ser identificada.
O presidente da Repsol-YPF, Antonio Brufau, que está em Buenos Aires, “formalizou pedidos de audiência com as autoridades com o objetivo de continuar o diálogo com o governo”.
A Repsol-YPF, a maior empresa da Argentina, controlada por acionistas espanhóis (57%), perdeu nas últimas semanas 13 áreas de concessão para explorar hidrocarbonetos nas províncias de Mendoza (oeste), Santa Cruz (sul), Chubut (sul), Salta (norte), Rio Negro (sul) e Neuquén (sudoeste).
Versões da imprensa local afirmam que é iminente um anúncio da presidente Cristina Kirchner no sentido de estabelecer algum tipo de intervenção estatal na companhia privatizada nos anos 1990.
“Em breve, a decisão do governo será comprar uma quantidade de ações e controlar a YPF”, comentou à AFP Federico Bernal, analista do setor de petróleo e autor do livro “Petróleo, Estado e soberania”.
As ações da YPF caíram nesta segunda-feira na Bolsa de Buenos Aires (-2%), assim como as da Petrobras (-4,7%).
Kirchner e as províncias criticam a Repsol-YPF por não ter feito investimentos, o que levou ao aumento das importações de hidrocarbonetos que superaram os 9 bilhões de dólares em 2011, reduzindo o superávit comercial de forma importante.
A Repsol-YPF rejeitou o argumento oficial e reiterou que concretizará “os investimentos mais importantes que esta companhia realizou em sua história”.
“Há uma previsão de 15 bilhões de pesos (3,4 bilhões de dólares) para este ano, compromisso que supera os mais de 13,3 bilhões de pesos investidos durante 2011”, completou a declaração empresarial.
Por outro lado, um documento das províncias petroleiras afirma que a empresa “reduziu em cerca de 30%-35% sua produção de petróleo nos últimos anos e em mais de 40% a de gás”.
“Na última década, a queda da produção de petróleo e gás no país foi de 18% e 11%?, respectivamente, por investimento insuficiente de algumas empresas”, disseram as províncias.
A produção global de petróleo na Argentina atingiu em 2011 os 796.000 barris diários, quase sem mudança em relação a 2009 e 2010.
“O cancelamento das concessões para a Repsol (…) fazem prever um futuro com múltiplas opções, desde a reestatização até a redistribuição de licenças a outras empresas”, disse o especialista Gustavo Callejas, diretor do privado Instituto de Energia e Infraestrutura.
Repsol-YPF é o maior produtor de hidrocarbonetos e o maior contribuinte fiscal, além de ser líder do mercado de combustíveis com 52% de refino.
Bernal, diretor do Centro Latino-Americano de Pesquisas Científicas e Técnicas (Clicet), lembrou que na terça-feira “Chubut vai licitar a primeira área retirada da Repsol-YPF, para empreender um esquema isto, ou seja, a participação da empresa estadual com algum ator privado”.
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