Parlamentares paraguaios negam golpe e criticam Venezuela
Deputados e senadores paraguaios se encontraram nesta terça-feira com parlamentares brasileiros para dar explicações sobre o processo de impeachment-relâmpago ocorrido no Paraguai na semana passada. Além de rechaçar o processo como golpe, eles acusam Caracas de tentar aproveitar o clima político ruim do Paraguai com os vizinhos para conquistar a vaga de membro pleno do […]
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Deputados e senadores paraguaios se encontraram nesta terça-feira com parlamentares brasileiros para dar explicações sobre o processo de impeachment-relâmpago ocorrido no Paraguai na semana passada. Além de rechaçar o processo como golpe, eles acusam Caracas de tentar aproveitar o clima político ruim do Paraguai com os vizinhos para conquistar a vaga de membro pleno do Mercosul.
O parlamento paraguaio é o último que deve decidir sobre a entrada da Venezuela no bloco. Se o Paraguai for suspenso ou expulso do Mercosul, o país de Chávez garante os votos necessários para ingressar no bloco.
“Acreditamos que na ausência do Paraguai (no Mercosul) se aceite a Venezuela”, disse o senador do Partido Pátria Querida Miguel Carrizosa. Ainda com tom elevado contra a política venezuelana, Carrizosa acusou o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, de incitar os militares, ainda sob o comando do presidente Fernando Lugo, a saírem às ruas na quinta-feira à noite – prazo entre o início do processo de impeachment na Câmara dos Deputados e no Senado. “Maduro visitou aos quartéis para que saíssem ás ruas. Se isso não é intromissão…”, criticou.
A parlamentares brasileiros, os paraguaios defenderam a legitimidade do processo que derrubou Lugo do poder. Segundo eles, o presidente impedido teve o prazo constitucional para defesa. “Garantimas que o presidente atual se adequa às normas democráticas”, disse o senador.
Um dos argumentos usados foi o de que todos os direitos civis foram mantidos no país. “Disseram que houve um golpe no Paraguai. Nunca em ampla militância política vi um golpe sem estado de sítio, sem censura à imprensa”, alegou o senador do Partido Liberal Miguel Saguier.
Os parlamentares apelaram à presidente Dilma Rousseff que aceite conversar com o Executivo paraguaio e pediram que não o governo brasileiro “não misturasse ideologias políticas para tomar posições tão importantes para o povo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo de Federico Franco ainda não solicitou formalmente um pedido de contato com o governo brasileiro, nem em nível presidencial, nem em nível de chancelaria.
“Brasiguaios”
Produtor agrícola no Paraguai há 20 anos, o engenheiro agrônomo José Marcos Saraiva também defende que o governo brasileiro reconheça a gestão de Franco à frente da presidência paraguaia. Ele pede para que “se normalize a situação para que possamos seguir produzindo”. Saraiva faz parte da grande comunidade de brasileiros que detém terras no Paraguai para a agricultura, os chamados “brasiguaios”.
“Nos preocupa muito como empresário, como brasiguaio o momento em que vivemos atualmente. Existiu o impeachment, mas ele passou por um processo que os congressistas julgaram correto. A Corte Suprema de Justiça julgou que o processo foi correto”, argumentou o Saraiva.
Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.
A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio – enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.
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