Paraguai cancela comissão para investigar mortes em confronto

O novo presidente do Paraguai Federico Franco disse, neste sábado que “não faz sentido criar uma comissão” que investigue a matança de camponeses e policiais na cidade de Curuguaty, que levou ao julgamento político e à destituição de seu antecessor, Fernando Lugo. “Não faz sentido criar uma comissão. Existem as instituições jurisdicionais, vamos colaborar, vamos […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O novo presidente do Paraguai Federico Franco disse, neste sábado que “não faz sentido criar uma comissão” que investigue a matança de camponeses e policiais na cidade de Curuguaty, que levou ao julgamento político e à destituição de seu antecessor, Fernando Lugo. “Não faz sentido criar uma comissão. Existem as instituições jurisdicionais, vamos colaborar, vamos nos oferecer como governo para cooperar com a Justiça, com o Ministério Público e vamos tentar esclarecer e, é claro, punir os responsáveis por esse masacre”, disse em entrevista à AFP.

Lugo havia anunciado a criação de uma Comissão com apoio da OEA um dia antes de serem iniciados os trâmites para seu julgamento político, em sua primeira aparição pública desde a morte de seis policiais e 11 camponeses sem-terra em Curuguaty (nordeste) dia 15 de junho. “No Paraguai, quando alguém não quer fazer nada, forma uma comissão”, acrescentou Franco.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio – enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Conteúdos relacionados