Obras da Ferrovia Centro-Oeste devem ser iniciadas em 2013

A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que vai ligar Goiás a Rondônia, só vai começar a sair do papel em setembro de 2013. Esta é a data prevista para o início das obras, de acordo com José Eduardo Sabóia Castello Branco, presidente da Valec S/A, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pelo empreendimento. […]

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A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que vai ligar Goiás a Rondônia, só vai começar a sair do papel em setembro de 2013. Esta é a data prevista para o início das obras, de acordo com José Eduardo Sabóia Castello Branco, presidente da Valec S/A, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pelo empreendimento.

Em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) realizada na manhã desta quinta-feira (22), Sabóia previu que o trecho prioritário da via, com cerca de 1.000 quilômetros entre Campinorte (GO) e Lucas do Rio Verde (MT), deve ficar pronto 24 meses após o início das obras, ou seja, no fim de 2015, um ano depois do previsto. O custo inicial é estimado em R$ 4,1 bilhões.

O trecho restante de 600 quilômetros até Vilhena (RO) ainda não tem cronograma definido. Falhas Uma série de falhas técnicas no projeto básico foi o responsável pelo atraso, segundo a secretária de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União, Juliana Monteiro de Carvalho.

Erros como ausência de detalhamento de elementos estruturais de pontes e viadutos e falta de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) foram detectados pelo órgão, que recomendou a interrupção do processo licitatório. – Infelizmente, problemas de projeto são comuns e estão entre as mais frequentes causas de atraso em obras ferroviárias no país – constatou a representante do TCU.

Juliana informou que o Tribunal reconheceu os esforços da Valec para contornar os problemas do projeto básico após a mudança do comando da entidade no fim de 2011, quando José Eduardo Sabóia assumiu a presidência. Com o sinal verde do órgão dado no início deste ano, em junho próximo deve ser iniciado o projeto executivo.

Resolvidos os problemas do projeto básico e agora partimos para o projeto executivo, que deve ficar pronto em junho de 2013. É um prazo bem factível, visto que dividimos em seis lotes de pouco mais de 150 quilômetros cada. Então, podermos começar a obra em setembro de 2013 – explicou.

Dúvidas

A audiência, que foi conduzida pela presidente da CI, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), contou com a participação de deputados, secretários e prefeitos de Mato Grosso. Na fase de debates, os parlamentares mostram-se preocupação com o atraso no empreendimento e ressaltaram a importância da ferrovia para o Brasil e, principalmente, para a região Centro-Oeste.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) lamentou a “total incompetência da administração passada da Valec” por ter permitido tantas falhas no projeto básico e destacou o trabalho do Senado. – Se continuarmos na lógica de apagar o fogo, vamos responsabilizar os órgãos de fiscalização toda vez que uma obra for parada.

O controle tem que ser preventivo, e o Senado está cumprindo agora este papel. Assim poderemos evitar que casos de incompetência como este se repitam – disse. O senador Jayme Campos (DEM-MT) alertou para o fato de a obra ser longa e pediu prioridade do governo federal.

Se o governo federal não der prioridade, daqui a 20 anos a Centro-Oeste não estará pronta e vai repetir o atraso da Ferrovia Norte-Sul. A expectativa dos matogrossenses é muito grande. Espero realmente que o trabalho comece em 2013 – afirmou. Outro representante do Mato Grosso, senador Blairo Maggi (PR-MT) lembrou que é importante definir também como a ferrovia vai ser operada depois de pronta.

O representante da Valec defendeu um sistema semelhante ao usado atualmente na Europa Ocidental. Neste caso, a Valec faria a manutenção e venderia a capacidade de carga da via a operadores qualificados.

Com isso, grandes produtores poderiam contratar ou operar sua própria frota e transportar a carga sem depender de ninguém. Hoje na Comunidade Européia este modelo é compulsório e foi adotado depois que o modal ferroviário começou a perder espaço para outros sistemas de transporte – explicou José Eduardo Sabóia. Rondônia Já o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) reclamou do trajeto da via.

Para ele, se a Centro-Oeste chegar apenas à cidade de Vilhena, o estado de Rondônia não será beneficiado. – É preciso fazê-la chegar até Porto Velho, caso contrário não seremos nem um pouco beneficiados. Hoje a rodovia que liga a capital a Vilhena está em péssimo estado e não tem condições mais de ser usada para escoamento da produção.

Como seremos a quinta economia do mundo com estradas esburacadas e ferrovias paradas? – indagou. Logística Com 1.683 quilômetros de extensão, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) sairá de Campinorte (GO), cortará todo o Mato Grosso até chegar a Vilhena (RO), passando por 20 municípios, numa região com alta produção de grãos e carne, mas com dificuldades logísticas para o escoamento da produção.

Só o estado do Mato Grosso detém hoje quase 10% da produção mundial de soja, com 20 milhões de toneladas por ano. A Centro-Oeste faz parte de um projeto maior, que é a Ferrovia Transcontinental (EF-3540), que sairá do litoral norte-fluminense, cortando Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Acre até o Peru.

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