Nova classe média elevou faturamento do setor de combustíveis no ano passado

A nova classe média brasileira foi a responsável pela expansão de 11,5% registrada no faturamento do setor de combustíveis, no ano passado, segundo o Relatório Anual de Revenda de Combustíveis, lançado hoje (29), no Rio de Janeiro, pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis). O presidente da entidade, Paulo Miranda Soares, […]

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A nova classe média brasileira foi a responsável pela expansão de 11,5% registrada no faturamento do setor de combustíveis, no ano passado, segundo o Relatório Anual de Revenda de Combustíveis, lançado hoje (29), no Rio de Janeiro, pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis).

O presidente da entidade, Paulo Miranda Soares, disse que o aumento se deve ao crescimento da frota de veículos no Brasil. “Nós tivemos um aumento de demanda de combustíveis. E a nossa principal demanda é a do automóvel”, descartando a influência do consumo de diesel no crescimento. “O diesel está mais vinculado ao Produto Interno Bruto [PIB], porque 86% do transporte no Brasil são feitos por caminhões. Mas aqui [no resultado apurado], é mesmo em função da frota de automóveis novos. É a classe média brasileira que está crescendo, está comprando carro e gastando mais”.

Em 2010, o faturamento da revenda de combustíveis cresceu quase 12%. Para 2012, a expectativa é crescer de novo acima do PIB. “O governo está calculando um PIB de 3%. Com certeza absoluta, o setor crescerá mais que isso, porque a própria indústria automobilística está prevendo pelo menos 4% de aumento em cima da frota de veículos do ano passado. Se isso ocorrer de fato, o setor de revenda de combustíveis deverá repetir os 11,5% registrados em 2011”, declarou.

Em relação ao etanol, cujas vendas caíram de 13% em 2010, para 10%, no ano passado, Soares disse que a diminuição se deveu à falta de paridade de preço. “O etanol só é viável quando ele custa até 70% do preço da gasolina. A partir do momento em que ele está acima desse nível, não compensa ao consumidor comprar o etanol”. Em razão da escassez de matéria-prima, o etanol chegou a ficar, em alguns momentos, no ano passado, mais caro que a gasolina.

Segundo ele, o problema poderá se repetir em 2012. Os usineiros já informaram que a safra deste ano não deverá ser muito diferente da de 2011. “Provavelmente, esses números vão ser mantidos. O etanol não vai conseguir recuperar este ano”, disse.

O presidente da Fecombustíveis considerou como “excelente” a medida estabelecida este mês pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre a qualidade do biodiesel, porque visa a “melhorar a especificação do óleo vegetal que é produzido no país. Essa é uma demanda antiga do setor. Nós queríamos que a ANP apertasse essa especificação a níveis de produção europeus, principalmente da França e Alemanha”.

Soares reconheceu, entretanto, que isso representará aumento de custo. E estimou que levará cerca de dois anos para o mercado absorver esse novo custo. “Em 2014, a gente entende que o mercado dá uma regulada nisso”.

O presidente da Fecombustíveis defendeu, ainda, que a ANP exerça maior fiscalização em toda a cadeia produtiva de combustíveis no Brasil e não apenas nos postos revendedores. O objetivo é garantir a qualidade dos produtos comercializados. “Nós entendemos que o mercado já é suficientemente fiscalizado. Só que quem é autuado hoje, em 99% das vezes, são os postos revendedores”.

Esclareceu que o setor não dispõe de equipamentos para checar muitos produtos fora da conformidade que são constatados no posto e que ele recebe das distribuidoras. “São não conformidades que vêm das companhias distribuidoras”. O problema, ressaltou, está “na distribuição, na produção”. A Fecombustíveis vai trabalhar este ano para mostrar às autoridades a necessidade de estender a fiscalização do mercado a todos os elos da cadeia. “Não só na ponta”, disse.

 

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