Mudança climática pode deixar 17% dos pandas sem comida
Um estudo divulgado neste domingo na revista especializada Nature Climate Change indica que as mudanças do clima pelas quais passamos podem deixar os pandas-gigantes (Ailuropoda melanoleuca) de uma região isolada da China – e que constituem 17% (270 animais) da população selvagem da espécie – sem bambu, sua principal e praticamente única fonte de comida. […]
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Um estudo divulgado neste domingo na revista especializada Nature Climate Change indica que as mudanças do clima pelas quais passamos podem deixar os pandas-gigantes (Ailuropoda melanoleuca) de uma região isolada da China – e que constituem 17% (270 animais) da população selvagem da espécie – sem bambu, sua principal e praticamente única fonte de comida.
O panda é uma das espécies mais ameaçadas de extinção. Ele sofre, por exemplo, com o desmatamento e fragmentação de seu habitat. Além disso, a espécie tem uma falta de apetite sexual que dificulta a reprodução em cativeiro. Agora, o clima também pode ser um inimigo.
Segundo os cientistas, os estudos sobre aquecimento costumam negligenciar o sub-bosque (a vegetação que cresce abaixo da cobertura das árvores). Os pesquisadores decidiram estudar, então, o impacto do clima em três espécies de bambu das montanhas Qinling que constituem quase toda a dieta desses animais.
O artigo afirma que Qinling é, sem dúvida, o melhor habitat para a espécie atualmente e tem proteção do governo em toda a área onde vivem pandas. Contudo, a região é isolada geograficamente das outras populações desse animal.
O estudo foi composto de três passos. O primeiro usou dados já conhecidos para descobrir quais são as condições climáticas adequadas para a sobrevivência de cada uma das três espécies de bambu estudada. Depois, os pesquisadores usaram quatro projeções até o final do século feitas por outros estudos – todas indicam aumento de temperatura média, mas variam na previsão de mudanças de temperatura diurna e sazonal e sobre a precipitação. O último passo foi fazer projeções sobre o tamanho da cobertura do bambu a partir das previsões e levando em conta a possibilidade pequena ou alta de a vegetação conseguir se dispersar para outras áreas.
Em praticamente todas as projeções – com exceção de duas, que os cientistas chamaram de “otimistas” – a cobertura de bambu praticamente desapareceria da região até o final do século. Em alguns cenários, isso ocorreria já na metade do século.
Segundo o estudo, existe a possibilidade de espécies de bambu de terras mais baixas ocuparem a área daquelas que desapareceriam. Contudo, a maior parte dessas espécies não está na dieta do animal. Os cientistas afirmam são necessários novos estudos sobre a possibilidade de reflorestar a área com outros tipos de bambu que os pandas comam.
“Como um ícone global de conservação da biodiversidade, o panda-gigante tem atraído, sem paralelo, esforços de conservação e recursos para reduzir a perda e degradação de habitat. Contudo (…) a mudança climática pode se tornar uma ameaça adicional aos pandas-gigantes, assim como um desafio para sua conservação”, diz o artigo.
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