Mesmo que Valério acuse Lula, julgamento do Mensalão não muda
Mesmo que o publicitário Marcos Valério divulgue histórias que comprometem o ex-presidente Lula, conforme noticiado neste sábado pela revista Veja, isso em nada vai alterar o curso do julgamento do Mensalão, que está sendo analisado há um mês e meio pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Procuradoria-Geral da República, que ofereceu a denúncia contra […]
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Mesmo que o publicitário Marcos Valério divulgue histórias que comprometem o ex-presidente Lula, conforme noticiado neste sábado pela revista Veja, isso em nada vai alterar o curso do julgamento do Mensalão, que está sendo analisado há um mês e meio pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Procuradoria-Geral da República, que ofereceu a denúncia contra 38 réus, o processo que está agora em julgamento não pode ser alterado para incluir um fato novo. No entanto, ainda não é possível dizer se o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve oferecer nova denúncia caso os fatos relatados pela revista ocorram.
De acordo com a matéria publicada pela Veja neste fim de semana, o publicitário deve revelar histórias que envolvem o ex-presidente Lula no esquema de corrupção armado durante seu governo. Para pessoas próximas, ele estaria repetindo que Lula não apenas sabia, como “era o chefe” do mensalão. Valério, que já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato, estaria afirmando que Lula era o “fiador” do esquema e dava garantias pessoalmente aos “doadores”.
A acusação do Ministério Público Federal afirma que o mensalão foi abastecido com R$ 55 milhões emprestados a Marcos Valério pelos bancos Rural e BMG, além de R$ 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Mas, de acordo com a publicação, o publicitário teria dito que o caixa real do mensalão é de, pelo menos, R$ 350 milhões.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.
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