Mato Grosso do Sul está na rota do tráfico de pessoas para a Europa, diz Cetrap

Casos isolados de exploração sexual e mais freqüentes de trabalho escravo também preocupam o Cetrap (Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas).

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Casos isolados de exploração sexual e mais freqüentes de trabalho escravo também preocupam o Cetrap (Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas).

Segundo o Ministério Público Federal, 70 mil brasileiras são feitas de mercadorias humanas em todo o mundo e para o Cetrap (Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Mato Grosso do Sul), o Estado é rota para mulheres do Paraguai e Bolívia irem para a Europa.

A coordenadora estadual do comitê de enfrentamento, que representa a Marcha Mundial das Mulheres, Marlene Ricardi de Souza, o Cetrap atua diretamente no combate ao trabalho escravo e exploração sexual com mais 24 entidades governamentais e 10 não-governamentais.

De acordo com Marlene, as cidades de Corumbá e Ponta Porã são as mais afetadas com a exploração sexual. “Este ano tivemos o caso de Rio Brilhante, quando mulheres paraguaias foram encontradas em uma casa de prostituição pela Polícia Federal”, lembra.

Em Mato Grosso do Sul, entretanto, não há estrutura de atendimento para essas mulheres. “Em dois anos capacitamos cerca de vinte pessoas e atendemos 576 em orientação em situações críticas. Mas precisamos tornar o Comitê um Núcleo para ter condições melhores de atendimento”.

Ela relembra casos como o da índia encontrada em cárcere privado em Campo Grande. “A família da índia a deixou vir com a promessa de estudo e condições melhores de vida, mas a família que a acolheu não a deixava sair e a explorava com trabalhos domésticos”.

O caso foi acompanhado pelo comitê, que entrou em contato com a família da menina e a levou de volta para casa.

Com a mudança, Marlene diz que será possível atender mais pessoas com o acompanhamento psicológico e estrutura, além de um posto de fiscalização e atendimento no Aeroporto Internacional de Campo Grande.

Para isso, é preciso um Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de pessoas. “O Brasil está no segundo plano nacional e ainda não temos um regional”, explica.

Em relação ao trabalho escravo, ela explica que o apoio do comitê é de suporte. “Este ano, cerca de sessenta trabalhadores entre menores e paraguaios foram flagrados em trabalho escravo no Estado. Eles receberam promessa de trabalho digno, mas na realidade o trabalhador chega ao lugar e é explorado trabalhando até mais de 12 horas e ficando em alojamentos inadequados”.

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