Mapa traça as cinco cidades com as maiores taxas de homicídio do país
Embora a intensidade da violência brasileira fique explícita no índice de 26,2 assassinatos por 100 mil habitantes, mais que o dobro do limite de 10 considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde, o indicador é incapaz de revelar toda a complexidade da matança no país. Desconcentração econômica para o interior, regiões de fronteira em que […]
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Embora a intensidade da violência brasileira fique explícita no índice de 26,2 assassinatos por 100 mil habitantes, mais que o dobro do limite de 10 considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde, o indicador é incapaz de revelar toda a complexidade da matança no país.
Desconcentração econômica para o interior, regiões de fronteira em que o tráfico e o contrabando brigam por território, práticas de extermínio em áreas de desmatamento e municípios vitimados por um turismo predatório. Nas cinco cidades apontadas no Mapa da Violência 2012 como as piores do Brasil, essas e outras características estão presentes.
Em comum, Simões Filho (BA), Campina Grande do Sul (PR), Marabá (PA), Guaíra (PR) e Porto Seguro (BA) têm taxas absurdas de homicídio que superam 100 mortos a cada 100 mil moradores. As razões para isso, entretanto, diferem. Especialistas e autoridades locais de segurança pública, ao analisarem os cinco municípios, fazem também uma radiografia das diferentes facetas da criminalidade no território nacional.
Soldados do tráfico
Na esteira da descentralização econômica, iniciada na década de 1990, quando indústrias e empresas deixam o Sudeste rumo a outras regiões e a cidades de médio porte, os municípios do entorno de diversas capitais, sobretudo no Nordeste, experimentam a chegada do progresso, com todos os pontos positivos e negativos.
Em Simões Filho (BA), primeiro lugar no ranking do Mapa da Violência, não foi diferente. Com absurdas 146 mortes por 100 mil habitantes, o município fica a 30km de Salvador. Lá, a violência está ligada ao uso e ao tráfico de entorpecentes. “Não temos dúvidas de que a droga é o pano de fundo do problema. Como temos uma área rural grande, quando a polícia em Salvador aperta, os traficantes vêm para cá. Há trilhas pela mata que dão em outras cidades”, diz Antonio Fernando do Carmo, delegado titular da 22ª Delegacia de Polícia de Simões Filho.
Periferias
Segundo ele, a criminalidade no município tem participação maciça de jovens. “Há muitos garotos que são viciados e cooptados pelo tráfico, tornando-se soldados”, diz. A atuação, porém, ocorre nas áreas mais periféricas da cidade. No centro, câmeras reduziram a ocorrência de crimes. Embora não negue o problema “grave” da violência em Simões Filho, o delegado contesta o lugar de município brasileiro mais violento. “Como temos um hospital grande, muitos baleados acabam vindo para cá. Quando morrem, o registro acaba sendo feito aqui. Outro problema está na desova de corpos.” Pitanguinha é um resíduo de Mata Atlântica em Simões Filho em que cadáveres são encontrados frequentemente.
O mesmo motivo é alegado por Rubens Recalcatti, chefe da Delegacia de Homicídios em Curitiba. Ele ressalta que, por ficar a apenas 30km da capital e na beira da BR-116, Campina Grande do Sul (PR) acaba servindo como ponto de despacho de corpos. Mas Recalcatti não desconversa sobre os altos índices de homicídio, 130 por 100 mil habitantes, que coloca o município, parte da Região Metropolitana curitibana, em segundo lugar no ranking.
As drogas, mais uma vez, são as protagonistas. “O usuário, talvez por causa do crack, está morrendo exageradamente. Ou pelo desgaste que a própria substância provoca ou assassinado.” O restante dos homicídios, de acordo com o delegado, está relacionado a desavenças pessoais, vingança ou crimes passionais.
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