Juiz desaprova prestação de contas de Haddad

As contas do comitê de campanha do prefeito eleito de São Paulo Fernando Haddad foram rejeitadas na primeira instância da Justiça Eleitoral. Desaprovou a escrituração o juiz Eleitoral Paulo Furtado de Oliveira Filho. O magistrado anotou em seu despacho: “as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas […]

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As contas do comitê de campanha do prefeito eleito de São Paulo Fernando Haddad foram rejeitadas na primeira instância da Justiça Eleitoral. Desaprovou a escrituração o juiz Eleitoral Paulo Furtado de Oliveira Filho.

O magistrado anotou em seu despacho: “as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas as despesas assumidas pelo candidato.” O PT já anunciou que irá recorrer.

No oficial, a tesouraria de Haddad arrecadou R$ 42 milhões. Gastou muito mais: R$ 68 milhões. Restou um buraco de R$ 26 milhões. O juiz estranhou o pedaço da contabilidade que trata da contratação de carros de som e material publicitário. Coisa de R$ 4,6 milhões. Farejou indícios de despesa “paga em duplicidade”.

O magistrado achou esquisito também o modo como o comitê de Haddad relacionou-se com outro prestador de serviços. Às véspera do segundo turno da eleição, a tal empresa emitiu 21 notas fiscais de R$ 1 milhão cada. A numeração das notas é sequencial.

A dívida foi assumida pelo diretório municipal do PT numa operação do tipo ‘devo, não nego, pago quando pouder’. “Trata-se da maior contratação de despesa do candidato, certamente a mais relevante, porém não foi juntada aos autos a planilha contendo a descrição dos serviços, como previsto em contrato”, anotou o magistrado.

Como se fosse pouco, o diretório municipal do PT absteve-se de declarar pagamentos de R$ 30.655,11 feitos à empresa Caso Sistema de Segurança. Pertence à mulher de Freud Godoy, um ex-faz-tudo de Lula, afastado da assessoria do Planalto nas pegadas do escândalo dos aloprados.

Godoy foi mencionado por Marcos Valério no depoimento que prestou à Procuradoria da República em 24 de setembro. O operador do mensalão disse ter repassado dinheiro sujo do esquema para o pagamento de despesas pessoais de Lula. Os repasses foram feitos, segundo Valério, por meio de depósitos feitos na conta da empresa Caso.

O PT recorrerá contra a decisão do juiz Paulo Furtado no TRE de São Paulo. Em caso de derrota, a legenda ainda poderá recorrer ao TSE, em Brasília. Haddad tomará posse em janeiro. Lá na frente, quando ninguém mais se lembrar da encrenca, a Justiça Eleitoral julgará o caso em termos definitivos. Ganha um manual de contabilidade quem adivinhar que fim vai levar esse processo.

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