Internos dos presídios de Paranaíba e Cassilândia confeccionam selarias para montaria

Peças que combinam a rusticidade da lida no campo à beleza do capricho empregado nos detalhes de cada corte, formas e colorações. Assim são as “tralhas” para montaria produzidas por reeducandos nos presídios de regime fechado de Paranaíba e Cassilândia, onde oficinas de selaria têm representado uma oportunidade para o aprendizado de um novo ofício, […]

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Peças que combinam a rusticidade da lida no campo à beleza do capricho empregado nos detalhes de cada corte, formas e colorações. Assim são as “tralhas” para montaria produzidas por reeducandos nos presídios de regime fechado de Paranaíba e Cassilândia, onde oficinas de selaria têm representado uma oportunidade para o aprendizado de um novo ofício, que poderá servir de base para a conquista de uma vida digna quando estiverem em liberdade.

Os produtos ganham destaque pelo cuidado com que são feitos e a riqueza de detalhes. São selas, chicotes, arreios, cabeçadas, barrigueiras, laços, loros, travessões, chinchadores, pelegos, bacheiros, calças em couro para montaria, entre outros. Tudo feito de maneira artesanal. Em média, dez internos participam da produção, somando as duas unidades. Pelo trabalho, além de serem remunerados, recebem remição de pena – a cada três dias de serviço, um é diminuído no total da pena imposta.

A selaria surgiu primeiro no Estabelecimento Penal de Paranaíba há cerca de oitos anos, quando a direção da unidade deu oportunidade a um dos reeducandos de ensinar o ofício a outros companheiros de cárcere. A produção foi crescendo e passou a atender compradores não só da cidade, como também de municípios vizinhos como Costa Rica e Aparecida do Taboado. Já em Cassilândia, a selaria é bem mais recente, foi instalada há cerca de um ano e quatro meses, também de forma independente, por inciativa da própria administração da unidade prisional, atendendo apenas a encomendas.

Tamanha a qualidade das peças nos dois presídios chamou a atenção de um empresário da região e hoje a confecção acontece por meio de parceria com uma selaria da cidade de Paranaíba, que fornece o material utilizado e remunera os internos. A parceria possibilitou que os reeducandos tenham um trabalho fixo.

Conforme o diretor do Estabelecimento Penal de Cassilândia, José Ronaldo da Silva, os critérios para seleção do trabalho são disciplina e aptidão. “E os que já sabem vão ensinando os que estão começando”, complementa.

O interno A. C. S., 27 anos, que está há quase três anos trabalhando na selaria, classifica sua ocupação na unidade prisional como “uma grande oportunidade”. “O trabalho é tudo pra gente, é uma forma da gente se ocupar aqui dentro, remir a pena e ainda ganhar dinheiro para ajudar a família”, ressalta.

O diretor do presídio de Paranaíba, José Carlos Marques, acredita que a profissão aprendida no presídio poderá ser muito bem aproveitada também quando os reeducandos deixarem a prisão. “É um serviço específico que pouca gente sabe fazer, não falta emprego, principalmente aqui no nosso Estado onde a pecuária é forte”, comenta.

Nos dois estabelecimentos penais, o trabalho na selaria se soma a atividades realizadas em outras oficinas laborais que também contribuem para reinserção social. Além disso, são oferecidos cursos profissionalizantes e educação formal pelo sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

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