Funkeira acusada de torturar o marido deixa tribunal ao lado do filho
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro retomou nesta terça-feira (27), às 13h, a audiência de instrução e julgamento do processo que tem como ré a funkeira e vereadora eleita Verônica Costa (PR), acusada de torturar o ex-marido. Verônica deixou o tribunal por volta das 16h30, juntamente com o filho, sem falar com a […]
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O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro retomou nesta terça-feira (27), às 13h, a audiência de instrução e julgamento do processo que tem como ré a funkeira e vereadora eleita Verônica Costa (PR), acusada de torturar o ex-marido. Verônica deixou o tribunal por volta das 16h30, juntamente com o filho, sem falar com a imprensa. Sem acordo com a assessoria do TJ-RJ, o processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não serão divulgadas informações sobre a audiência.
Em agosto, quatro testemunhas de acusação depuseram no 2º no Tribunal do Júri da Capital, entre os quais o ex-marido de Verônica, o empresário Márcio Costa. O teor dos depoimentos também não foi divulgado.
Foram arroladas pelo Ministério Público cinco testemunhas de acusação e 21 pelos advogados de defesa –entre os quais os filhos da funkeira, que concordam com a versão da mãe.
A ex-vereadora, conhecida popularmente como “Mãe Loura do Funk”, e quatro parentes da ré –Bruno Chaves Ribeiro, Tatiane Chaves Ribeiro, Bruno Marcelo Bahia Marques e Sebastião de Oliveira Evangelista– foram denunciados à Justiça pelo crime de tortura contra o ex-marido de Verônica, o empresário Márcio Costa.
O suposto crime ocorreu em fevereiro do ano passado, quando Márcio Costa registrou boletim de ocorrência e realizou exame de corpo de delito no qual que foram contatadas uma série de lesões e queimaduras.
Cerca de nove meses depois, a Polícia Civil indiciou Verônica e os demais acusados. A candidata a vereadora nega a autoria do crime e, em depoimento à polícia, afirmou que o ex-marido era viciado em cocaína. Segundo ela, Márcio teria sido espancado antes de chegar em casa.
A denúncia
Segundo o MP, a vítima sofreu queimaduras de segundo grau no rosto, pescoço, braços, pernas e outras partes do corpo depois de supostamente ter sido mantido em cárcere privado e torturado por 20 horas. Na versão do empresário, Verônica suspeitava de traição e contou com a ajuda dos parentes, que utilizaram produtos químicos para causar os ferimentos.
De acordo com a denúncia, assinada pelos promotores Márcia Velasco e Alexandre Themístocles, após ser atraído para a suíte do casal, Márcio Costa foi amordaçado, teve as mãos amarradas, os olhos vendados e foi mantido em cárcere privado pelos denunciados. Além disso, a vítima teve a cabeça “violentamente” afundada nas águas da banheira e do vaso sanitário. O texto da denúncia diz que “Verônica desferindo socos e tapas no rosto de Márcio Costa, exigiu que ele confessasse suas condutas de infidelidade conjugal e de desvio de dinheiro arrecadado durante campanha política eleitoral”.
A denúncia diz ainda que “sempre auxiliada pelos demais denunciados, Verônica desferiu vários jatos de inseticida em seu rosto [de Márcio Costa] e jogou gasolina em seu corpo. As graves ameaças consistiam em promessas de choques elétricos e de ateamento de fogo na vítima, que era aterrorizada com fósforos acessos”.
Os promotores afirmam ainda que o “intenso sofrimento físico não teve consequências mais graves porque, durante um intervalo da tortura, aproveitando-se da distração do denunciado Sebastião, a vítima conseguiu pular do segundo andar e pediu ajuda na casa do vizinho”.
Laudos de exames de corpo de delito e boletins de atendimentos médicos revelaram que a violência e a exposição da vítima à gasolina causaram feridas em todo o seu corpo, além de queimaduras de primeiro e segundo graus na face, região cervical, genitália, região lingual e glúteos.
De acordo com o inquérito concluído pela 42ª DP, Costa conseguiu fugir para a casa de um vizinho durante um momento de distração dos torturadores. Em seguida, ele teria entrado em contato com o pai, que o resgatou e o levou para a delegacia. Eles registraram boletim de ocorrência no mesmo dia do crime. O empresário chegou a ficar internado no centro de tratamento intensivo do hospital Pasteur, na zona norte do Rio, onde se submeteu a uma cirurgia plástica.
Policiais da 42ª DP chegaram a vistoriar a residência do casal e a conversar com vizinhos, entre os quais um homem que teria ajudado Costa a fugir do cárcere. Os policiais encontraram garrafas de gasolina e gaze no local, material que foi incluído no inquérito para comprovar o crime.
Outro lado
Segundo Verônica, Márcio Costa já chegou em casa com ferimentos supostamente causados por traficantes que cobravam uma dívida. Ele teria pedido um empréstimo de R$ 100 mil para a ex-mulher, que se negou a ajudá-lo.
“Ele chegou em casa naquela fúria da droga. Só eu e meus filhos sabemos como ele fica quando está drogado. (…) Quem tem um filho drogado deve entender o meu sofrimento. Ele fica extremamente violento sob o efeito da droga, covarde, um cara que não merece atenção. A acusação dele é muito covarde, esse é o troco que ele me dá”, afirmou ela em fevereiro do ano passado, após prestar depoimento.
A delegada da 42ª Delegacia de Polícia (Recreio), Adriana Belém, que investigou o caso, afirmou que o exame toxicológico feito por Márcio Costa não indicou o uso de entorpecentes. Segundo ela, “todos os elementos indicam” que a ex-vereadora realmente participou da cena do crime. “Ele [o ex-marido] afirma de forma taxativa que a Verônica comandou de forma impiedosa a sessão de tortura”, disse. A versão apresentada pelos denunciados foi descartada após análise de dados obtidos pela quebra de sigilo telefônico.
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