Eurocopa tem início desafiando as ‘sombras do Leste’
O Leste Europeu viveu anos tenebrosos com problemas de guerras e regimes autoritários no século passado, mas irá usar o futebol para ganhar destaque no mapa do mundo. Após mais de três décadas, a Europa Oriental volta a organizar a Eurocopa (a última vez havia sido em 1976 na extinta Iugoslávia) a partir desta sexta-feira, […]
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O Leste Europeu viveu anos tenebrosos com problemas de guerras e regimes autoritários no século passado, mas irá usar o futebol para ganhar destaque no mapa do mundo. Após mais de três décadas, a Europa Oriental volta a organizar a Eurocopa (a última vez havia sido em 1976 na extinta Iugoslávia) a partir desta sexta-feira, em um trabalho conjunto de Polônia e Ucrânia, com a meta de mostrar virtudes pouco conhecidas e desmistificar ideias que viraram regras.
Dentro de campo, serão 15 participantes com o objetivo de acabar com o domínio da Espanha no futebol. Nos últimos quatro anos, a Fúria conquistou o continente europeu e o mundo. Agora, terá Alemanha, Holanda, Itália, França e Inglaterra como os seus principais desafiantes.
A escolha dos países do Leste Europeu como sedes da Eurocopa trouxe reações negativas. O racismo foi abordado com atenção antes de a bola rolar. Ex-zagueiro da seleção inglesa, Sol Campbell aconselhou os torcedores de seu país a não irem para a Ucrânia com o “risco de parar em um caixão” e criticou a Uefa pela definição das sedes. Recentemente, outras opiniões contrárias foram registradas.
O governo ucraniano promete combater com rigor qualquer prática racista aos visitantes. Presidente da Uefa, o ex-jogador Michel Platini também saiu em defesa das sedes da Eurocopa. “Sabemos que há um número maior de nacionalistas em alguns países do Leste Europeu, mas não creio que seja um problema do futebol, e sim da sociedade”, discursa o dirigente.
Na Polônia, grupos trabalhistas prometem usar a visibilidade da Eurocopa para protestar contra ações do governo. A principal reclamação está na recente aprovação do primeiro-ministro Donald Tusk.em aumentar a idade para aposentadoria.
Cada anfitrião terá quatro sedes para receber as partidas da Eurocopa – as cidades polonesas serão Varsóvia, Wroclaw, Gdansk e Poznan, enquanto Kharkiv, Lviv, Donetsk e Kiev foram definidas como as representantes ucranianas. A organização acabou pautada pela agilidade, já que cada país anunciou estar pronto para receber os jogos três meses antes do começo do torneio.
“Não posso dizer com exatidão se todos os cronogramas foram cumpridos, mas eu joguei em estádios que serão usados na Eurocopa um ano antes do campeonato começar. Um deles é impressionante, o de Varsóvia, que tem uma cobertura que se fecha para jogos no inverno, são locais com tudo que o visitante precisa no interior, com centros comerciais e grande capacidade”, descreve o volante Bruno Coutinho, brasileiro que atua no Polônia Varsóvia.
O zagueiro Betão, atualmente no Dínamo de Kiev, trouxe a mesma realidade nas praças esportivas da Ucrânia. “Os estádios ficaram muito bons, joguei em todos, a capacidade é ótima, com conforto, posso dizer que são bem superiores aos encontrados no Brasil hoje”, avisa o defensor, que atuou anteriormente por Corinthians e Santos.
Os brasileiros que viveram a preparação das sedes da Euro-2012 exaltam a expectativa dos torcedores, apesar da frieza aparente na personalidade de ucranianos e poloneses. “As pessoas na Ucrânia têm uma maneira diferente de torcer, são fanáticos, mas de forma mais controlada”, conta Betão. “Os poloneses encaram o futebol como se fosse um evento social ou uma festa, eles vão aos estádios em grupos, bem vestidos“, completa Bruno Coutinho.
Bilhões em campo – Considerada a terceira maior competição esportiva, atrás apenas da Copa do Mundo e da Olimpíada, a Eurocopa vai reunir a maioria dos atletas da elite do mundo, com um valor estipulado em R$ 9,6 bilhões segundo estudo feito pela consultoria brasileira Pluri.
Principal favorita ao título, a Espanha é o time com maior valor: R$ 1,6 bilhão – quase o dobro da atual Seleção Brasileira – e irá lutar contra uma maldição: nunca um país venceu a Eurocopa duas vezes seguidas.
“Não podemos fazer nada contra a pressão que nos cerca, mas acredito que há um otimismo exagerado. Serão 16 participantes da competição, não vejo um caminho de rosas pela frente”, comenta o técnico espanhol, Vicente Del Bosque, mantendo o respeito aos rivais.
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