Estudo comprova eficácia da cirurgia bariátrica no controle da diabetes

Pesquisas publicadas nesta segunda-feira (26) no New England Journal of Medicine confirmam a tese de que a operação de redução de estômago é eficaz no tratamento da diabetes tipo 2, forma mais comum do problema. De acordo com os estudos, pessoas submetidas à intervenção têm chances maiores de experimentarem a  remissão da doença – quando […]

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Pesquisas publicadas nesta segunda-feira (26) no New England Journal of Medicine confirmam a tese de que a operação de redução de estômago é eficaz no tratamento da diabetes tipo 2, forma mais comum do problema. De acordo com os estudos, pessoas submetidas à intervenção têm chances maiores de experimentarem a  remissão da doença – quando a tolerância à glicose e os níveis de açúcar no sangue voltam ao normal – do que as que optam pela terapia tradicional. Também foram notadas melhoras na pressão sanguínea e nos níveis de colesterol.

A conclusão foi baseada em dois levantamentos, realizados na Universidade Católica, em Roma, na Itália, e na Cleveland Clinic, nos Estados Unidos. Ambos os trabalhos compararam a evolução dos quadros de pacientes que sofreram a cirurgia com o dos que aliaram restrições na dieta e prática de exercícios físicos ao uso de medicações. Entre os italianos, as taxas de remissão chegaram a 75% no grupo cirúrgico. Não houve nenhum registro de regressão dos sinais da patologia naqueles que não foram operados. Já no trabalho americano, os índices foram, respectivamente, de 42% e 12%.

O médico Fernando Barroso, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e cirurgião do Hospital São Lucas, explica que o efeito é causado pelo aumento da produção de determinados tipos de hormônio em função da mudança na anatomia do sistema digestivo após a cirurgia.

“O principal deles é o GLP-1, que, entre outras funções, estimula a produção de insulina pelo pâncreas. Deve-se deixar claro que a melhora não tem nenhuma relação com a redução do peso e do percentual de gordura do paciente já que os níveis de glicose se normalizam antes de tais mudanças poderem ser observadas’, diz o especialista, que destaca outros benefícios do procedimento. “Influi positivamente no controle da hipertensão arterial, da apneia do sono e da infertilidade”, exemplifica.

A professora associada do Serviço de Diabetes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Marilia de Brito Gomes, no entanto, alerta que ainda é muito cedo para se falar em cura. “A cirurgia apresenta resultados mais significativos nos primeiros cinco anos. É necessário necessário observar os pacientes por um período maior para chegar a alguma conclusão”, afirma a especialista.

A diabetes ocorre quando o organismo não produz insulina ou ela não é capaz de atuar de forma eficaz, provocando um aumento acentuado da taxa de glicose no organismo. Os sintomas mais comuns da doença são sede e vontade de urinar excessiva, perda de peso, cansaço e aumento do apetite. Cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com o diabetes tipo 2 no mundo e a previsão é de que o número salte para 450 milhões até 2030. Basicamente, a terapia consiste na adoção reeducação alimentar e na prática de esportes. As orientações, porém, nem sempre são seguidas a risca. “Temos muitos problemas com isso. Acredito que 75% dos nossos pacientes não consigam adotar os novos hábitos”, lamenta Marília.

Páscoa: cuidados com a visão

Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e consultor do Instituto Varilux da Visão, Dr. Marcus Sáfady, essa é uma época do ano em que os pacientes diabéticos devem ter mais controle. Uma glicemia não estável pode levar a alterações dos vasos sanguíneos que provocam, em estagios mais avançado, doenças oculares importantes.

“Quando o médico percebe pequenas dilatações nas extremidades dos pequenos vasos da retina, assim como presença de micro-hemorragias, confirma o diagnostico de retinopatia diabética. Por isso, o exame oftalmológico é considerado muito importante no diagnostico e controle do diabetes. Dentre as complicações oculares mais graves da doença, em fases mais avançadas da retinopatia, estão a catarata e o glaucoma.”  explica Sáfady.

A retinopatia diabética é uma doença séria que em estágio inicial não apresenta sintomas, por isso é necessário que os diabéticos realizem exames oftalmológicos regulares e mantenham o diabetes sob controle. “A retinopatia diabética é uma complicação do diabetes decorrente da deterioração dos vasos sanguíneos que alimentam a retina. Em estágio inicial a doença não apresenta sintomas, entretanto, quando os problemas tornam-se piores os vasos sanguíneos podem romper e vazar, causando as micro-hemorragias da retina. Se  atingirem a mácula (área responsável pela visão de cores e de detalhes) a pessoa poderá notar o aparecimento de manchas, redução ou embaçamento da visão. Os problemas podem se agravar ainda mais, pois, a doença pode se caracterizar também pelo aparecimento de vasos anormais, mais frágeis e mais propensos ao rompimento, podendo dar origem a grandes hemorragias, formar cicatrizes e, conseqüentemente, levar ao descolamento de retina e provocar, ainda, o aparecimento do glaucoma.”, alerta o médico.

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