Esquecidos pela internet, livros aguardam donos e leitores nas livrarias
Um dos volumes guardados em um sebo de Campo Grande foi impresso em 1815 e permanece sem dono na prateleira. “Os mais novos saem mais rápido”, comenta vendedor. Dia Internacional do Livro é comemorado nesta segunda-feira.
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Um dos volumes guardados em um sebo de Campo Grande foi impresso em 1815 e permanece sem dono na prateleira. “Os mais novos saem mais rápido”, comenta vendedor. Dia Internacional do Livro é comemorado nesta segunda-feira.
As livrarias esvaziaram visivelmente após a internet, mas eles continuam lá, como é o caso de um livro de oftalmologia que, abandonado, aguarda um novo dono desde a inauguração do sebo Hamurabi, na Rua 14 de Julho, em Campo Grande.
“Este aqui existe desde 1815 e espera por um dono”, brinca o vendedor de livros e filho do dono da rede que já tem três lojas, uma em Dourados, Bruno Soares Silva de Pino, 21 anos. Na foto da capa da matéria, destaque para o Atlas, “antigo Google”.
A loja por si só conta histórias. Uma estante no corredor armazena os mais antigos, que observam atentos, a permanência bastante breve dos clientes que chegam e dos livros não usados, de saída mais rápida das estantes. Poucos entram na loja, pedem pelo livro que precisam para o filho, presente para a mãe, e saem.
Nesta segunda-feira (23) é comemorado o Dia Internacional do Livro, data instituída pela Unesco em 1996 para assinalar o falecimento de escritores como Josep Pla, escritor catalão, e William Shakespeare, dramaturgo inglês.
O servidor público Ricardo Kober, de 35 anos, permaneceu na loja por cerca de meia hora, cliente raro nos dias de hoje. “Estou procurando um livro que lista os premiados do Nobel de Literatura, mas está difícil”, comenta.
Com a ajuda de uma escada, ele olha, paciente, as lombadas dos volumes. “Gosto de literatura internacional e compro também em outras livrarias. Leiopor hobby, assim como gosto de escrever”, disse.
Dentro da loja desde que nasceu, Bruno Soares sabe na ponta da língua a lista de mais procurados: “espíritas e os de literatura clássica, assim como Sabrina, Júlia e os romances, com certeza. As crianças, ao contrário do que se pensa, vem direto para comprar e trocar gibis”.
Ele lembra que os clientes fiéis da loja têm espaço livre no sábado. “Tem gente que desde que inaugurou vem aos sábados, senta, lê, folheia, conversa”, conta Bruno, que lamenta a queda na freqüência da loja depois da internet.
“É visível a diferença, uma pena porque hoje em dia até livros usados as pessoas compram pela internet. Mas nada se comprara a procurar por um livro e achá-lo, perdido, nas estantes”, comenta, defendendo sua área de atuação.
O livro mais antigo da loja sai por R$ 130. “Na verdade, não sai, porque é bastante específico e é baixa a procura”, lamenta. “Porém tem gente que compra para decoração também”.
Bruno diz que trabalhar na loja o ajudou a criar o hábito da leitura. “Isso vem de casa também. Costumo ler de 5 a 6 livros por mês”.
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