Erros de pesquisas eleitorais podem resultar em CPI na Câmara

No primeiro turno das eleições municipais, em 21 das 26 capitais onde teve disputa para a prefeitura, houve erro nas pesquisas eleitorais divulgadas às vésperas da votação. Apenas em Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP) e Palmas (TO) todos os resultados ficaram dentro do previsto pelas pesquisas, o que gerou críticas e […]

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No primeiro turno das eleições municipais, em 21 das 26 capitais onde teve disputa para a prefeitura, houve erro nas pesquisas eleitorais divulgadas às vésperas da votação. Apenas em Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP) e Palmas (TO) todos os resultados ficaram dentro do previsto pelas pesquisas, o que gerou críticas e provocou reação na Câmara. O líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), já começou a recolher assinaturas de parlamentares para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Institutos de Pesquisa.

Figueiredo afirma que a iniciativa conta com o apoio de 80% dos líderes das bancadas partidárias. “Queremos, através de uma comissão parlamentar de inquérito, fazer as devidas verificações na metodologia que está sendo aplicada por vários institutos de pesquisa e, a partir do que for abstraído dessa CPI, podemos também elaborar uma regulamentação para as pesquisas eleitorais”, aponta.

O descontentamento dos parlamentares com os institutos de pesquisa é baseado em casos como o de Recife, onde o Datafolha apontou um segundo turno, mas Geraldo Júlio (PSB) ganhou no primeiro, com 51% dos votos válidos. Também em Curitiba houve erro. As últimas pesquisas, tanto do Datafolha quanto do Ibope, mostravam o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), em segundo lugar e Gustavo Fruet (PDT) em terceiro. Mas as urnas inverteram essa ordem, o que eliminou Luciano Ducci da disputa do segundo turno, que ficou entre Ratinho Júnior (PSC) e Fruet.

Para o relator da proposta de reforma política da Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), as “pesquisas erradas” podem influenciar o processo eleitoral. “O eleitor não fica totalmente livre porque, muitas vezes, você induz uma polarização. A pessoa é levada a abandonar seu candidato porque ele aparece em terceiro lugar na pesquisa, e ela migra para um voto útil porque quer derrotar outro candidato. Isso é um tipo de manipulação do processo eleitoral”, afirma.

O deputado Esperidião Amin (PP-SC) reforça as críticas. “Estamos corrompendo a democracia. Pesquisa deixou de ser uma fotografia, supostamente honesta de um momento, para ser um agente político, um cabo eleitoral – talvez o mais forte de todos – para desmontar uma candidatura e para dar vitamina para outra”, afirma. “Não pode ficar como está. O número de erros, a proporção mostram que estamos piorando”.

O parlamentar acrescenta que não é a favor de proibir as pesquisas eleitorais, mas propõe a elaboração de um ranking dos institutos de pesquisa que mais acertam, para mostrar à população quais entidades têm credibilidade.

A Câmara discute, ainda, uma proposta que aumenta a multa para quem divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas, podendo chegar a R$ 1 milhão. O Projeto de Lei do deputado Rubens Bueno (PPS-PR) foi aprovado em maio pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, e está pronto para ser votado no Plenário.

Para o cientista político André Pereira, os institutos de pesquisa não erraram muito nesta eleição. “Os erros são marginais e não afetam o resultado final”, contesta. Ele afirma que é preciso diminuir o peso dado à influência das pesquisas no resultado eleitoral. “O resultado é limitado, porque o eleitor não é bobo e ele tem uma série de outras formas de ter acesso à informação”.

Pereira diz que as pesquisas têm influência, na verdade, na hora de arrecadar recursos para a campanha eleitoral. “Ajuda um pouco mais na questão do financiamento das campanhas porque, em tese, os grandes financiadores buscam colocar mais recursos em quem tem mais chance de vencer no final.”

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