Em show no Rio, Lady Gaga chora ao lado de fã e diz que Brasil ‘é o futuro’
Nessa sexta-feira (9), o trânsito caótico (mais do que o habitual) em diversos pontos da cidade e a chuva iminente surgiram como um prenúncio: um acontecimento apocalíptico se aproximava. Mais exatamente no Parque dos Atletas, talvez o espaço mais incrível e mal localizado para a realizações de shows no Rio de Janeiro, o apocalipse, na […]
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Nessa sexta-feira (9), o trânsito caótico (mais do que o habitual) em diversos pontos da cidade e a chuva iminente surgiram como um prenúncio: um acontecimento apocalíptico se aproximava. Mais exatamente no Parque dos Atletas, talvez o espaço mais incrível e mal localizado para a realizações de shows no Rio de Janeiro, o apocalipse, na verdade, se traduziu em nascimento. A gênese de uma nova personagem diante de um público embevecido com a sintonia da estrela-monstra que se apresentava diante de seus olhos: era noite de Lady Gaga.
Sobre um séquito guiado por uma negra cavalaria, ela surgiu, às 22h20, para dar início a seu show, ao som de ‘Highway Unicorn’. Da plateia, via-se, coincidentemente, um balão inflável azul, com o formato de um pequeno unicórnio que, assim como os pequenos monstros seguidores de Gaga, ali estava para dar início ao ritual, ao encontro, à fusão de emoções.
Como pano de fundo, um imenso castelo que mais parecia ter saído da Cidade do Samba, tamanha megalomania e ‘carnavalicidade’: a maternidade ideal para o surgimento da mãe-monstro que, sob a chuva que caía cada vez mais intensamente, dava sequência ao espetáculo, com ‘Government Hooker’ e o primeiro grande hit da noite.
“Brasil, você é o futuro”, disparou, na veia, Lady Gaga, antes de incendiar a plateia já encharcada, ao som de ‘Born this way’, o hino da legitimidade humana da diva do pop pós-moderno. Dali em diante, estava assinada a certidão de nascimento da grande monstra, assim como a de seus rebentos, livres para seguir à frente na antológica noite.
Engrena-se então, um verdadeiro musical, com adaptações livremente artísitcas, como Jesus negro, metalinguisticamente retirado de ‘Black Jesus’, com a também ecumênica ‘Bloody Mary’ logo depois. Verdadeiros cânticos profanos de uma deusa milimetricamente construída.
Surge então, o momento de seu maior single: ‘Bad Romance’, entre juras de amor à cidade (‘Te amo, Rio’ tornou-se vírgula no script), foi entoada às lágrimas por vários monstrinhos diante de sua tutora que, como se tomando para si o discurso dos excluídos que tanto ama, ratifica: “Não sou um alien. Não sou uma mulher. Não sou um homem. Mas Rio, eu sou você. Dividimos as mesmas esperanças. Vim até aqui e conheci a paixão nessa cidade”, confessou, visivelmente tocada pelo espírito acolhedor internacionalmente conhecido da Cidade Maravilhosa.
Em diante, ‘Judas’, ‘Fashion of His Love’, ‘Just Dance’, ‘Love Game’ e ‘Telephone’ foram executadas em uma bateria frenética que ressaltou a capacidade sobrenatural de Lady Gaga em criar hits eficientes, se manter como máquina competente da indústria do pop envolta pelo discurso do marketing explícito e emocional.
Emoção, aliás, que tomou conta do prosseguimento do show, com ‘Heavy Metal Lover’ como trampolim para um discurso interessante: “Eu peguei um elevador, joguei futebol com aquelas crianças e posso dizer que elas são únicas”, soltou Gaga, referindo-se à sua visita à comunidade do Cantagalo, antes de embarcar na letra deliciosa de ‘Bad Kids’, uma pequena introdução ao grande momento que se aproximava.
O encontro de uma mãe com seus filhos, quando estes estão distantes daquela, sempre é algo que emociona. E Lady Gaga, diante de seu trono marketeiro cravejado de brilhantes, sabe que este viés é útil tanto à personagem mother-monster quanto a ela, Stefani Germanotta, uma garota sensível de Nova York. E aí, neste encontro entre personagem e Stefani, é que se dá o pulo da gata: Lady Gaga convoca três monstrinhos para se sentarem a seu lado, em sua moto-teclado, para juntos cantarem ‘Hair’, um hino à diversidade, à autoaceitação, ao combate ao bullying. Instante em que seus filhos desabam em lágrimas, levando sua mãe à mesma reação. Choram os fãs. Chora Gaga. Sorri o público. Uma matemática perfeita para o clímax, não?
“Não tinha noção do amor que me esperava aqui. Nunca fui tão feliz quanto nesse momento. Não dizem que os sonhos se realizam? Essa é a cara de alegria por um sonho realizado. Não há preço para esse amor de vocês”: palavras de Gaga, entre o protocolo, a surpresa e a gratidão, sempre presente em cada palavra que cita ao se referir a seus fãs, que, segundo a mesma, são responsáveis por permitirem a ela ser a grande estrela que sempre sonhou ser.
Com ‘You and I’ e ‘Electric Chapel’, ela encerra a sessão de lágrimas e se inicia uma nova fase, agora pungente, enquanto, a cada frase, Gaga cita o Brasil e o Rio, como se, em momento algum, quisesse perder a conexão mágica estabelecida (com muito mais espontaneidade e naturalidade do que qualquer fã inveterado poderia imaginar).
Com ‘Americano’, ‘Poker Face’, ‘Alejandro’, ‘Paparazzi’ e ‘Scheibe’ ela retoma o ritmo acelerado, rumo à reta final de sua apresentação, marcada por uma (a única, até então) ressalva, diante de uma performance irrepreensível, tanto estética quanto musicalmente: entre a conversa e a melodia, muitos comentavam que Gaga, até então, ‘estava mais falando do que cantando’. Veio, então, o bis…
Com ‘The edge of glory’, a estrela da noite pôde provar que sua voz (viva e presente em todas as músicas, justiça seja feita) vai muito bem, obrigado. Um prévia para o final apoteótico, já distante daquele nascimento comentado no início do texto.
‘Marry the night’, canção de encerramento do show, celebrou a relação intensa e inesquecível que Lady Gaga criou, durante 150 minutos de espetáculo, com seus monstrinhos cariocas. Convocando novos filhos para subirem ao palco, Lady Gaga alcançou, após um longo setlist, 12 trocas de roupas e muitas declarações de amor, o status que personagem e Stefani tanto desejavam. Lady Gaga se casou conosco. “O Rio de Janeiro é meu lugar favorito do mundo inteiro! Não se esqueçam disso”, esbravejou, empolgada pelo momento único, sem conseguirmos decifrar quem falava ali: Gaga ou Stefani. Mas o que importa, não é mesmo? Todos os monstrinhos que ali estiveram são filhos de um discurso legítimo, ‘de verdade’, mesmo que construído. Afinal de contas, a verdade de Lady Gaga não precisa ser a mesma de Stefani. A verdade é um conceito tão subjetivo quanto a real cor de um unicórnio. Ah, e por falar em unicórnio, o que vimos curtindo o show durante todo o tempo, ao fim da apresentação, saiu voando, feliz por ter sentido de perto o carinho de sua mãe.
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