Em nota, Rosemary Noronha diz que nunca fez nada ilegal

A ex-chefe do gabinete da Presidência da República, Rosemary Noronha, divulgou nota à imprensa nesta quinta-feira na qual afirma que nunca fez nada ilegal, imoral ou irregular. Ela foi exonerada do cargo do cargo na segunda-feira após ter seu nome envolvido em um escândalo de tráfico de influência para fornecimento de pareceres falsos descoberto pela […]

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A ex-chefe do gabinete da Presidência da República, Rosemary Noronha, divulgou nota à imprensa nesta quinta-feira na qual afirma que nunca fez nada ilegal, imoral ou irregular. Ela foi exonerada do cargo do cargo na segunda-feira após ter seu nome envolvido em um escândalo de tráfico de influência para fornecimento de pareceres falsos descoberto pela operação Porto Seguro, da Polícia Federal (PF).

Rosemary diz que, do dia para a noite, teve a vida “devassada”. “Não tive qualquer participação em supostas fraudes em pareces técnicos ou corrupção de servidores públicos para favorecimento a empresas privadas”, diz.

“Enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam. Nunca soube também de qualquer relação pessoal ou profissional deles com os irmãos Paulo e Rubens Vieira”, afirma. Os diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foram presos na operação da PF. “Há mais de 10 anos, tenho com o senhor Paulo Vieira uma forte relação de amizade, hoje abalada por detalhes da operação da Polícia Federal”, diz Rosemary.

A ex-chefe do gabinete da Presidência é acusada de receber R$ 49 mil (fora seu salário, que era de R$ 11 mil) por 23 viagens internacionais que realizou durante o governo Lula. Na nota, ela afirma que as viagens foram a trabalho: “quero dizer que todas as viagens que fiz ao exterior foram por solicitação do cerimonial da PR, em decorrência de meu cargo e função e, para isso, fiz curso no Itamaraty, não havendo, portanto, nada de irregular ou estranho neste fato.”

“Não cometi tráfico de influência nem qualquer ato de corrupção, como em breve ficará provado”, garante ela no final da nota.

A investigação da PF concluiu que Rosemary recebia vantagens cada vez que prestava serviços à quadrilha. Na lista desses benefícios, estão uma cirurgia plástica de R$ 7,5 mil, uma reforma em seu apartamento, um cruzeiro com show da dupla sertaneja Bruno e Marrone e pagamento de contas de mais de R$ 13 mil.

Operação Porto Seguro

Deflagrada no dia 23 de novembro pela Polícia Federal (PF), a operação Porto Seguro realizou buscas em órgãos federais no Estado de São Paulo e em Brasília para desarticular uma organização criminosa que agia para conseguir pareceres técnicos fraudulentos com o objetivo de beneficiar interesses privados. A suspeita é de que o grupo, composto por servidores públicos e agentes privados, cooptava servidores de órgãos públicos também para acelerar a tramitação de procedimentos.

Na ação, foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação.

Exonerada logo após as buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone, cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro.

O inquérito que culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando, arrependido, Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria sido oferecido por Paulo Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado pela PF como o principal articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Em decorrência da operação, foram afastados de seus cargos o inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor da Antaq, Jailson Santos Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Enio Soares Dias. Também foi exonerada de seu cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria de Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da própria Mirelle, que é filha de Rosemary.

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