Em meio ao mensalão, STF elege novo presidente na 4ª

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) realizam na próxima quarta-feira, em meio ao julgamento do processo do mensalão, a eleição para o novo presidente da Corte, que substituirá o atual, Carlos Ayres Britto, que se aposenta compulsoriamente em 18 de novembro ao completar 70 anos. O ministro Joaquim Barbosa, atual vice, deverá ser eleito […]

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Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) realizam na próxima quarta-feira, em meio ao julgamento do processo do mensalão, a eleição para o novo presidente da Corte, que substituirá o atual, Carlos Ayres Britto, que se aposenta compulsoriamente em 18 de novembro ao completar 70 anos.

O ministro Joaquim Barbosa, atual vice, deverá ser eleito para o cargo, seguindo a tradição de eleger sempre o membro mais antigo da Corte que ainda não ocupou a presidência. Todos os 10 ministros participam da eleição, em votação secreta. O futuro vice-presidente deverá ser o ministro Ricardo Lewandowski.

Barbosa é o relator da ação penal do chamado mensalão, cujo julgamento está em curso no STF. Ele disse que acumulará a presidência com a relatoria de outros processos que já foram designados a ele.

Na última semana, o ministro Marco Aurélio Mello chegou a questionar a indicação de Barbosa para presidente, por considerar que suas falas agressivas no plenário eram um presságio de problemas na condução da Corte.

Barbosa respondeu com uma nota séria, dizendo ter mais preparo que o colega, que já ocupou a presidência no passado. Para ser eleito, o ministro precisa ter seis votos de seus pares.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex- presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

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