Dólar sobe a R$ 2,08 com especulação, e Bovespa perde 2,74%

O dólar comercial fechou em alta de mais de 1,5% ante o real nesta terça-feira (22), mesmo com o Banco Central realizando dois leilões de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Segundo operadores, o mercado continuou a especular e entrou em uma “queda de braço” com o BC, para […]

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O dólar comercial fechou em alta de mais de 1,5% ante o real nesta terça-feira (22), mesmo com o Banco Central realizando dois leilões de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Segundo operadores, o mercado continuou a especular e entrou em uma “queda de braço” com o BC, para ver se a autoridade monetária voltaria a atuar.

A cotação do dólar comercial fechou a sessão com valorização de 1,67%, a R$ 2,080 na venda. É a maior cotação desde 15 de maio de 2009, quando fechou a R$ 2,109.

Em maio, o dólar comercial já acumula alta de 9,09% sobre o real. No ano, a valorização é de 11,34%.

Já a Bovespa fechou em queda acentuada, em um movimento de realização de lucros após dois pregões consecutivos de alta, com investidores repercutindo o pacote de medidas de estímulo ao consumo anunciado na véspera pelo governo brasileiro e as incertezas sobre o futuro da zona do euro.

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, caiu 2,74%, aos 55.038,75 pontos.

O giro financeiro do pregão foi de R$ 7,54 bilhões. Com isso, o índice acumula queda de 11% em maio e caminha para registrar o pior desempenho mensal desde outubro de 2008, quando o Ibovespa encolheu 25%.

Mercado está ‘peitando’ o BC e dólar pode passar de R$ 2,10

Ainda de acordo com os operadores, o mercado pode buscar patamares mais elevados para o dólar, até ultrapassando os R$ 2,10. No entanto, a previsão é que antes disso o BC possa voltar a atuar. Dentro da equipe econômica, a avaliação é de que o cenário externo está contribuindo bastante para essa forte alta da moeda norte-americana. 

“O mercado está peitando o BC. Isso é até esquisito. As duas vezes em que o dólar bateu R$ 2,06 o BC entrou, e depois ainda chegou até a R$ 2,08. Mas se não entrou hoje de novo, pode ser que entre amanhã mais forte, até no período da manhã”, disse o operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio Marcos Trabbold.

Para Trabbold, apesar de o euro ter ampliado perdas ante o dólar no exterior e de o dólar também mostrar uma valorização ante outra moedas, o movimento do real ainda está atípico e ocorrendo em função de questões internas.

No primeiro swap realizado, o BC vendeu 30.300, ou 61,3% dos 49.400 contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta terça-feira, com vencimento em 2 de julho deste ano. Já no segundo, vendeu 13.600, ou 71,2%, dos 19.100 contratos ofertados, para o mesmo vencimento. 

Ao todo, o BC vendeu 43.900 contratos do total de 68.500 ofertados. Mesmo com a segunda operação, o BC não conseguiu anular o restante dos contratos de swap cambial reverso, no total de US$ 2,470 bilhões, que também vencem em 2 de julho.

Outro operador, que prefere não ser identificado, diz acreditar que o mercado deve continuar testando o BC na quarta-feira. “Se ele (BC) não atuou próximo dos R$ 2,10, vão testá-lo mais para cima ainda”, disse.

Ações de destaque na Bovespa

A ação da PDG Realty (PDGR3) despencou 11,34%, a R$ 2,97, liderando as perdas do índice, seguida por Gafisa (GFSA3), que caiu 9,9%, a R$ 2,64. Rossi (RSID3) teve queda de 9,31%, a R$ 5,16.

Localiza (RENT3) recuou 7,66%, a R$ 29,66. O diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Roberto Mendes, afirmou que a redução do IPI não terá impacto sobre o caixa da Localiza. Em relatório, o Itaú BBA avaliou o pacote como negativo para a empresa, pois as vendas de carros usados devem ser afetadas pelas medidas.

O comportamento das commodities pesou sobre o desempenho das blue chips. OGX (OGXP3) desabou 9,4%, a R$ 11,18. A preferencial da Petrobras (PETR4) recuou 3,38%, a R$ 19,71, enquanto a preferencial da Vale (VALE5) caiu 1,14%, a R$ 36,43.

Em sentido oposto, Sabesp (SBSP3) teve a maior alta do Ibovespa, com avanço de 1,96%, a R$ 71,22, seguida pela transmissora de energia Cteep (TRPL4), que subiu 1,71%, a R$ 63,50.

Pacote do governo ‘azedou’ humor dos investidores

“Além de realização após a forte alta do índice e das incertezas no cenário externo, as medidas anunciadas ontem pelo governo geraram desconforto e azedaram o humor do investidores”, disse Sérgio Machado, sócio-gestor na Vetorial Asset.

O mercado antecipou na segunda-feira as medidas de estímulo, o que ajudou o Ibovespa a subir 3,8% na sessão. Mas o pacote anunciado na véspera pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, após o fechamento do mercado, ficou aquém do esperado por alguns agentes, segundo operadores, principalmente por deixar de fora o setor de construção civil.

Bolsas internacionais

As principais Bolsas europeias registraram fortes altas no fechamento, sustentadas por um indicador americano sobre o setor imobiliário e por um mercado que deposita suas fichas na reunião informal de dirigentes europeus desta quarta-feira em Bruxelas.

Os maiores ganhos foram registrados na Bolsa de Milão, que fechou com um avanço de 3,41%, após seis sessões consecutivas no vermelho, aos 13.456 pontos.

Os mercados na Ásia expandiram os ganhos nesta terça-feira, com investidores em busca de ações baratas após as quedas na semana passada para as mínimas de 2012. A esperança de que a Europa adote novas ações para combater a crise da dívida e promover o crescimento também motivou o clima positivo.

Uma reportagem na mídia chinesa afirmando que o governo de Pequim vai ampliar o investimento em infraestrutura para combater a desacelereção do crescimento elevou as ações em Hong Kong em 0,62% e na China em 1,06%.

Os mercados estão sensíveis às perspectivas de demanda e crescimento na China, o maior consumidor mundial de matéria-prima e a segunda maior economia global, à medida que a crise financeira pressiona o crescimento europeu, enquanto alguns pontos frágeis permanecem nos EUA.

A busca por barganhas também sustentou uma alta das ações do índice Nikkei, do Japão,  em 1,1%.

Na quarta-feira, os mercados estarão de olho na Cúpula da União Europeia que planeja focar em passos específicos para estimular crescimento e gerar trabalhos em todo o bloco.

A Bolsa de Cingapura subiu 1,2%, a 2.823 pontos; Taiwan teve alta de 1,15% e Hong Kong subiu 0,62%. O índice referencial de Xangai teve expansão nos ganhos de 1,06%, e Sydney teve crescimento de 1,16%.

Com informações de AFP e Reuters.

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