Dinheiro arrecadado com abate de gado irregular vai para programas sanitários

Dos 266 gados apreendidos em propriedade rural em Bela Vista na última semana, 209 foram abatidos no sábado (28) em um frigorífico na mesma região. Apesar dos animais não estarem infectados com a aftosa, o abate foi feito em cumprimento da norma instituída pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que determina que todo e qualquer gado contrabandeado, mesmo aquele que não estiver infectado, seja abatido.

Segundo o superintendente em exercício do Mapa em Mato Grosso do Sul, Celso de Souza Martins, a medida do abate foi preventiva, já que os animais não tinham sua origem comprovada.

Ele explicou que 57 animais não foram abatidos porque foi comprovada sua origem. Os animais passaram por uma inspeção clínica na fazenda e outra criteriosa no frigorífico, como foi diagnosticado que os animais eram sadios a carne foi destinada ao consumo humano.

Vigilância mais rigorosa

Martins disse que a fiscalização nas regiões que fazem fronteira com o Paraguai foi reforçada em janeiro, segundo ele o número da amostragem aumentou, e com isso aumentaram as apreensões. “Em janeiro mudamos a estratégia, além de cuidar do trânsito nas estradas, passamos a fazer vigilância nas fazendas”.

E foi numa dessas vigilâncias que o grupo de inspeção apreendeu os 266 animais. Martins explicou que na fazenda, os agentes perceberam irregularidades em relação a quantidade de animais declarados e o que havia na fazenda. Os animais que não tinham comprovação foram apreendidos e abatidos.

O superintendente em exercício disse ainda que a tendência é que haja novas apreensões, já que estas são resultado de um trabalho de amostragem maior. “Queremos visitar 100% das propriedades classificadas como de risco até o fim de 2012”.

Produtores binacionais

Um dos problemas encontrados na região da fronteira é que muitos produtores tem criação de animais tanto do lado brasileiro quanto do lado paraguaio, e muitas vezes eles não fazem esse trânsito conforme as regras estabelecidas.

O superintende disse não descartar essa possibilidade, mas aponta que antes da finalização das investigações não pode apontar essa ou aquela situação.

O presidente do Sindicato Rural de Bela Vista, Marcelo Loureiro de Almeida disse que é possível que este tenha sido o problema, mas não pode afirmar nada porque não está a par da situação.

Loureiro ainda disse que a orientação do sindicato é que todos trabalhem conforme as regras sanitárias. “Esse tipo de coisa compromete nosso trabalho, nós orientamos para que todos atuem conforme a legislação. Imagina se acontece um foco de aftosa, é o trabalho de anos perdido”, finaliza.

Fiscalização

No total foram montados 14 postos fixos e nove barreiras volantes nas áreas de fronteira. Em seis desses pontos, o trabalho de fiscalização conta com a ajuda do Exército.