Deputada vê acerto de FHC ao defender política ‘coletiva’

A deputada federal e pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila, reiterou neste sábado o que deve servir de refrão à sua campanha: “Nós não enfrentamos adversários – nós realizamos sonhos. (…) Não vamos vencer o caminho sozinhos. Precisamos de aliados”, disse a pelo menos 150 ouvintes, a maior parte estudantes secundaristas, […]

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A deputada federal e pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila, reiterou neste sábado o que deve servir de refrão à sua campanha: “Nós não enfrentamos adversários – nós realizamos sonhos. (…) Não vamos vencer o caminho sozinhos. Precisamos de aliados”, disse a pelo menos 150 ouvintes, a maior parte estudantes secundaristas, no 15º Congresso Estadual da União da Juventude Socialista (UJS).

Em um discurso guarnecido por citações do revolucionário argentino Che Guevara e do poeta chileno Pablo Neruda, a deputada mais votada da história gaúcha não precisou fazer menção à aproximação com o Partido Progressista (PP) para erguer escudos em favor de uma eventual parceria dos comunistas com a sigla herdeira da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido governista no regime militar.

Na explicação de Manuela para a sua filiação à UJS, em 1999, se esboça um paralelo para a intenção do PCdoB de reservar o candidato a vice para a legenda da senadora Ana Amélia Lemos. “Quando entrei na UJS, nós combatíamos o governo Fernando Henrique. E tinha uma turma que defendia que só podia combater o governo Fernando Henrique quem fosse de esquerda, quem fosse puro (…). A UJS dizia o contrário”, sustentou, lembrando da defesa ao programa Creduc, no qual a maior parte da militância de esquerda via a privatização da educação superior, mas que Manuela aplaudiu como o embrião do ProUni, lançado no governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Havia muitos aliados que tinham objetivos em comum e que não eram de esquerda”, arrematou.

Louvando a presença das juventudes do PT e do Partido da Pátria Livre (PPL) no evento e atribuindo à UJS a virtude de saber construir a política “coletivamente” em nome da “unidade do povo”, Manuela ponderou que “não basta um coletivo de pessoas que pensam de um jeito”. Multiplicada em fotos que se enfileiravam nos telões do teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa gaúcha, a pré-candidata buscou tom conciliatório: segundo ela, da “luta pelo socialismo, da nossa forma de encarar o Brasil e a realidade do povo brasileiro” não pode derivar a pretensão de “sermos os donos da verdade – ou mais grave: os donos das soluções dos problemas da juventude brasileira e da juventude do nosso Estado”.

Não faltaram elogios ao eleitorado-alvo da pré-candidata – a “Tropa de Elite” da campanha, nas palavras do presidente municipal do PCdoB, Adalberto Frasson. Manuela afirmou que embora os adultos “não se comportem”, “os jovens têm claro que as vitórias só são construídas se nós estivermos unidos, se nós tivermos unidade entre aqueles que defendem conquistas (…) Defendemos a unidade ampla de quem quer enfrentar os problemas reais”.

“Toque de circular”

A pré-candidata aproveitou os ouvidos jovens para apontar um problema cada vez mais reconhecido na capital gaúcha: a vida cultural noturna. Segundo ela, a alienação da juventude é um “mito”, e a prova seria a resistência “a uma política de segurança que nos manda ficar trancados dentro de casa. Ocupar, sair na rua, fazer cultura, caminhar pelas ruas da cidade é lutar por uma política de segurança que não tem o toque de recolher, mas o toque de circular”.

A deputada também criticou o que considera ser um modelo educacional anacrônico. “É como um filme em que a escola está em preto e branco e o personagem está colorido”, comparou.

Aliança com o PT

Fazendo eco às negativas do PT, Frasson afirmou ao Terra que a possibilidade de aliança com a legenda do pré-candidato Adão Villaverde no primeiro turno é “pauta morta”. A estratégia serviria de moeda de troca em São Paulo, com apoio de do vereador Netinho de Paula à candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad.

Frasson também reconheceu como uma “grata surpresa” a liderança de Manuela nas primeiras pesquisas de intenção de voto na capital do Rio Grande do Sul. O coordenador da campanha da deputada aproveitou para criticar a gestão do segundo lugar nas pesquisas, o atual prefeito, José Fortunati (PDT). Segundo Frasson, Porto Alegre não sediará a Copa das Confederações em 2013 também por erros a nível municipal. “Temos um estádio em construção (o Beira-Rio, do Internacional) e outro quase pronto (a arena do Grêmio). Nenhuma outra cidade do País tem isso”, sustentou, acrescentando que se tratava de questão de agilidade política, e não de “escolher um ou outro estádio”.

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