Democratas repetem espetáculo, mas inovam com diversidade

É comum ouvir que as convenções nacionais dos partidos Republicano e Democrata não têm muita diferença, pois não passam de grandes shows cheios de promessas demagogas. Cada partido personaliza sua mensagem de modo a ficar mais conservadora ou liberal, e torce para que tenha conseguido conquistar um número maior de eleitores que levarão seu candidato […]

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É comum ouvir que as convenções nacionais dos partidos Republicano e Democrata não têm muita diferença, pois não passam de grandes shows cheios de promessas demagogas. Cada partido personaliza sua mensagem de modo a ficar mais conservadora ou liberal, e torce para que tenha conseguido conquistar um número maior de eleitores que levarão seu candidato à Casa Branca. Mas, dessa vez, o evento democrata apresentou dois elementos que não foram encontrados na convenção republicana: diversidade e coerência.

Ao contrário de Tampa, na Flórida, onde republicanos – a maioria brancos e de classes média e alta – se reuniram na semana passada, as pessoas que lotaram o Time Warner Cable Arena, em Charlotte, na Carolina do Norte, representavam a verdadeira e diversa sociedade americana. Brancos, negros, hispânicos, judeus, muçulmanos, índios e indianos dos mais diversos grupos etários e classes sociais coloriram a convenção democrata.

Na semana passada, os republicanos pareciam não estar em sintonia. Havia disparidade nos discursos dos colegas de partido – que, por vezes, pareciam ter objetivos diferentes, como no caso do discurso egocêntrico de uma das grandes figuras do partido, o governador de Nova Jersey, Chris Christie. Mas essa disparidade também podia ser um estranhamento visto dentro de um mesmo pronunciamento. A imprensa americana ainda fala na incoerência dos discursos de Mitt Romney e de seu candidato a vice-presidente, Paul Ryan.

Os democratas, por outro lado, aproveitaram os três dias da convenção para contar uma história de uma sociedade mais aberta e justa, com cada uma das principais personalidades do partido – repetindo, embora em estilos diferentes, uma mesma mensagem. Na verdade, a mensagem era uma resposta à insistente pergunta dos republicanos sobre se os americanos estão vivendo melhor agora do que há quatro anos. Segundo todas as grandes personalidades do Partido Democrata, graças a Obama, os americanos evitaram um cenário econômico desastroso e vão ter um futuro ainda melhor econômica e socialmente se reelegerem Obama.

Michelle Obama contou como a história da vida pessoal do marido era traduzida para sua vida pública. O ex-presidente Bill Clinton, em tom de conversa, explicou detalhadamente aos eleitores as políticas e as conquistas do governo Obama. O senador John Kerry ridicularizou a incapacidade de Romney de lidar com política externa, mostrando estar preparado para, conforme tem sido cogitado nos bastidores de Washington, ser o novo Secretário de Estado se Obama tiver mais um mandado. Numa demonstração de lealdade e amizade, o vice-presidente, Joe Biden, se empenhou em descrever aos americanos um presidente que consegue liderar com pulso firme, mas de forma humana.

Obama concluiu a convenção com um discurso que salientou com maestria os desafios que ele superou e as conquistas que atingiu, ao mesmo tempo em que atribuía o crédito de seu sucesso ao povo americano. O presidente mostrou não ter perdido o poder da oratória exibido nas convenções de 2004 e 2008, confirmando a descrição oferecida por Biden ao lembrar ao povo que era ele quem comandava a nação, mas fazendo um apelo ao eleitorado para que votasse ainda com a esperança de uma sociedade ainda melhor em 6 de novembro.

Depois da maratona de duas semanas dos dois maiores shows políticos do planeta, agora republicanos e democratas partem oficialmente para a batalha das campanhas que passará por todos os cantos dos Estados Unidos. Por enquanto, as pesquisas ainda indicam um empate técnico entre Obama e Romney, o que deve tornar a disputa ainda mais intensa.

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