Deficiente visual, Érika cuida do filho de três anos, e destaca ser esta uma fase mais difícil
Érika é deficiente visual desde que nasceu e garante que a maternidade a deixou mais forte
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Érika é deficiente visual desde que nasceu e garante que a maternidade a deixou mais forte
Simplesmente igual a qualquer outra mãe amorosa e apaixonada por seus filhos. Assim é Érika Cheres, mãe de Victor Hugo e deficiente visual de nascimento.
A jovem mãe, ao contrário do que passa pela cabeça da maioria das pessoas, é totalmente independente e capaz de cuidar sozinha do filho, que hoje tem três anos. E suas preocupações são as mesmas de todas as outras mulheres, mães. “Acho que não só para mim, mas para todas as mães, o mais difícil é a educação”, avaliou.
Para Érika, esta fase em que o filho está é mais complicada. “Esta fase de dois, três anos é uma fase muito complicada que você precisa saber o que fazer e impor limites, sem ser muito dura. É complicado!”.
Érika e o marido, que também é deficiente visual, possuem uma vida simples e voltada aos cuidados com o pequeno Victor Hugo.
Gravidez
A jovem contou que sempre quis ser mãe, mas a noticia chegou aos 20 anos. “Quando engravidei eu não esperava, sempre quis, mas só tinha 20 anos. Foi mais cedo do que eu esperava”, recordou.
Érika conta que em nenhum momento a maternidade a assustou. “Eu não via a hora dele nascer para tê-lo nos braços, ouvir o chorinho, amamentar”.
Cuidados
Pouco antes dos nove meses de gestação do filho de Érika nasceu. “Eu tive pressão alta e teve que tirar ele, porque estava com infecção pulmonar e foi para U.T.I (Unidade de Tratamento Intensivo). Isso foi só para fortalecer o vinculo entre eu, ele e o pai dele. Foi uma fase muito complicada”.
Para ela ser mãe foi uma vitória. “Eu peguei ele no colo treze dias depois que ele nasceu”. E acrescentou: “Eu até brinco: as pessoas falam da sexta-feira 13 e eu falo que amo a sexta-feira 13, porque foi o dia que eu peguei ele pela primeira vez no colo”.
Érika contou que não achou difícil cuidar do filho quando ele era apenas um bebê. “Às vezes as pessoas podem pensar que é exagero meu, mas não. Não achei complicado cuidar dele”.
Histórias
O primeiro banho de Victor Hugo, após deixar a maternidade, foi dado por Érika. “Não queria que ninguém desse banho nele. Falei que o primeiro banho era meu! Minha mãe ficou perto, o pessoal que veio visitar ficou por perto, mas não deixei ninguém por a mão”, brincou orgulhosa a mamãe.
Segundo Érika, quando o filho era bebê era muito bom e mais fácil. “É mais difícil agora”, avaliou sorrindo.
A mamãe que amamentou o pequeno Victor Hugo, lembrou que na fase de bebê ela quase não dormia cuidando do filho. “Era duas horas dormindo e depois no peito. Ele dormia no berço. Quando ele fez dois meses o passei pra cama. E falei: não, você vai dormir aqui. Primeiro porque está mais seguro e depois que eu não preciso ficar levantando”.
Érika contou que sempre colocava seu bebê no suporte canguru (uma acessório para carregar bebê junto ao corpo do adulto) e ia comprar as fraldas no centro da cidade. Apenas para comprar o leite ela deixava o filho com a mãe e ia ao supermercado. E, só deixava Victor Hugo porque tinha que carregar as compras. “Tinha gente que dizia coitada. Coitada nada. Meu filho gostava do “mama” dele e não podia passar fome”.
Normal
“Eu não falo assim, por ser deficiente, ou querer me achar, mas acho que tem mãe, tanto deficiente, quanto que enxergue, que ande, que fale, que não cuida, não tem aquele dom, aquela vocação para ser mãe. Deixa o filho largado, deixa com pai, com parente para fazer suas atividades próprias. Não penso assim, o meu filho em primeiro lugar e por isso acho que consigo me dedicar bastante a ele”, disse Érika avaliando que muitas mulheres fazem outras escolhas, em detrimento dos filhos.
Cotidiano
O que parece complicado, a rotina diária, Érika que nasceu com glaucoma congênito, tira de letra. “Sou cega desde que nasci”, enfocou.
A mãe de Victor Hugo acredita que por ter nascido com a deficiência tenha sido mais fácil se adaptar. “Mesmo as coisas do dia-a-dia, ou as novidades eu acho fácil”.
Diariamente Érika leva o filho para creche e segue para o trabalho. “À tarde eu treino judô e a noite também”.
A mulher, mãe, esposa, atleta é funcionária pública. “Eu trabalho no posto de saúde do bairro Coronel Antonino”.
Escondido
Quando nossa equipe chegou, Érika e o filho nos receberam e o menino ficou tímido. Logo ele começou a fazer graça e se escondeu da mãe.
No cantinho do armário da cozinha, Victor Hugo parecia que nem respirava de tão imóvel que ficou. Érika passou por ele tateando para localizá-lo e logo o encontrou.
A mãe coruja brincou e disse que ele é “mala”, por se esconder dela. “Ele está nessa fase de se esconder e fica bem quietinho”, contou.
Entendimento
Victor Hugo sabe que a mãe não enxerga. “Ele entende, mas o pai ele diz que enxerga. Não sei se por causa do olho que é diferente. Eu, ele já entende. A gente está andando na rua ele diz: cuidado mãe”.
“Eu sempre procurei mostrar para ele que eu não enxergo. Mostra para a mamãe onde está tal coisa. Filho, pega tal coisa. Tem alguma coisa na sua mão, me deixa ver o que é, põe aqui na minha mão”, por isso Érika acredita que o filho tenha compreendido que ela é deficiente visual.
Esse entendimento entre mãe e filho os tornou mais cumplices um do outro. “Eu falo bastante para ele entender e procuro sempre deixar ele em contato com outras pessoas deficientes para que aprenda, quando estiver maior, a ajudar as pessoas”.
Habilitação
Érika foi habilitada pelo Instituto do cego, onde aprendeu ser independente e cuidar da casa, entre outras atividades.
Atualmente, a mãe, que também é judoca, treina no instituto. “É o esporte do momento”, brincou.
Mensagem
Érika espera conseguir educar o filho e fazer dele um homem de bem. “O filho que toda mãe espera. Espero ser forte e corajosa para conquistar as coisas para ele”.
Ela deixa claro que ninguém precisa ter pena, pois ela dá conta do recado. “Tem que dá conta. Senão não for por qualquer coisa, tem que ser por meu filho. Ser mãe me fez mais forte”.
A jovem mãe não quer ter outros filhos. “Eu queria um menino e veio o meu menino. Eu tenho um conceito, não sei se é assim que se diz, mas não queria ter menina porque a mulher sofre muito, não quero que ela passe o que a gente passa. Apesar da maravilha de ser mãe”, finalizou.
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