Crescimento do país está muito abaixo do esperado entre emergentes, diz professor

A economia brasileira deve fechar o ano com crescimento próximo a 1%. Analistas do mercado financeiro e técnicos do Banco Central (BC) fazem previsões parecidas. Na semana passada, informações do Relatório Trimestral de Inflação indicaram redução na projeção dos técnicos de 1,6% para 1%. O resultado, se confirmado, estará bem abaixo dos 4,5% estimados para […]

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A economia brasileira deve fechar o ano com crescimento próximo a 1%. Analistas do mercado financeiro e técnicos do Banco Central (BC) fazem previsões parecidas. Na semana passada, informações do Relatório Trimestral de Inflação indicaram redução na projeção dos técnicos de 1,6% para 1%.

O resultado, se confirmado, estará bem abaixo dos 4,5% estimados para 2012. Segundo André Nassif, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), mesmo levando em consideração a crise mundial, o crescimento brasileiro está muito abaixo do esperado entre os países emergentes.

“O governo editou medida tentando estimular o consumo. Depois, medidas para estimular os investimentos, com políticas que contemplam o lado da oferta, com queda de juros. Só que essas políticas já deixaram de fazer efeito”, disse.

Para ele, o modelo adotado pelo governo deu certo anteriormente, mas se esgotou e, mesmo com todos os programas, a demanda só deverá crescer 1%. Nassif acredita que não é estimulando o consumo, nem a oferta, que o problema será resolvido. O professor destaca que os empresários só investem quando têm garantia de que haverá demanda. E, no momento, o único que pode induzir o aumento da demanda é o próprio governo, que precisa aumentar os investimentos públicos.

“À medida que o governo gasta diretamente em infraestrutura, amplia a demanda por equipamentos, gera empregos na construção civil, aumenta a demanda por bens intermediários e estimula o investimento privado, que viria a reboque.”, defende

Ele disse ainda que, mesmo com todos os esforços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os investimentos públicos correspondem a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de bens e serviços produzidos no país.

Para ele, o ideal seria ampliar essa taxa para 2%, mesmo que o superávit primário – a economia que o país faz para pagar suas dívidas – tenha de ser reduzido. É preciso que o setor privado tenha garantia de que haverá demanda que permita ampliar a capacidade produtiva. O único agente que pode preencher esse vácuo é o governo.

Se o PIB de 2012 fechasse em 4,5%, como previa o Ministério da Fazenda e levando em considerações projeções do início do ano, o crescimento médio do país poderia chegar a 4,8 %. O cálculo leva em consideração as projeções inicias de crescimento de 3,2% (2011), 4,5% (2012), 5,5% (2013) e 6% (2014). Como o Brasil registrou crescimento de 2,7% em 2011 e deve crescer 1% em 2012, a média do crescimento cairia para 3,8%.

No 19 deste mês, porém, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, reduziu a projeção de crescimento do PIB, em 2013 para 4%. Sendo assim, o crescimento médio estimado ficaria em 3,42%, resultado bem abaixo dos 4,8% ou 1,38 ponto percentual inferior ao projetados no início do ano.

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