Consórcio de imóvel cresce, mas perde vantagem com juro baixo

Em meio à queda de juros para financiamento imobiliário, uma opção que não cobra taxas de juros tem crescido e ganhado adeptos das classes A e B. Considerado uma “poupança compulsória”, o consórcio é indicado para quem tem dificuldade em poupar sozinho e não tem pressa para entrar no imóvel, segundo especialistas. Nessa modalidade, o […]

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Em meio à queda de juros para financiamento imobiliário, uma opção que não cobra taxas de juros tem crescido e ganhado adeptos das classes A e B. Considerado uma “poupança compulsória”, o consórcio é indicado para quem tem dificuldade em poupar sozinho e não tem pressa para entrar no imóvel, segundo especialistas. Nessa modalidade, o comprador contribui com “cotas” mensais junto a um grupo de “cotistas”. A cada mês alguns são beneficiados com a carta de crédito referente ao valor total por meio de sorteio ou lances.

Com 643 mil participantes no País, essa modalidade cresceu 8,6% em abril de 2011 em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). No entanto, no saldo do primeiro quadrimestre do ano houve retração de 6,1%. “Apesar de uma queda comum nesse começo de ano o setor continua crescendo e os bancos estão abrindo novas opções, principalmente para as classes A e B”, diz Luiz Fernando Savian, presidente da regional sudeste da Abac.

Os bancos voltam a apostar nessa modalidade com opções que chegam a R$ 700 mil e divisão em até 200 parcelas. Um público alvo diferente do financiamento, que permite pagar em até 360 meses. Para Savian, a opção é interessante para quem já tem um imóvel e, por isso, não compete com o financiamento. “Quem financia o imóvel quer se mudar imediatamente e no caso do consórcio não há a garantia, já que depende de um sorteio. Em geral o público é formado por quem quer investir ou fazer uma poupança.”

De acordo com o diretor de produtos e segmentos do HSBC, Sami Foguel, a principal vantagem do consórcio é poder programar a aquisição do imóvel. “É um planejamento de aumento de patrimônio com um custo baixo, além da possibilidade de ser sorteado e poder antecipar a compra do imóvel”, afirma. Segundo ele, a ampliação da cota veio atender a um grupo que busca créditos maiores. “Em grandes centros, os imóveis tiveram um grande aumento nos preços, e as opções de créditos de consórcio de imóveis até então disponíveis não atendiam as necessidades de nossos clientes”, diz.

Rentabilidade

Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, o consórcio de imóveis é uma opção menos vantajosa de guardar o dinheiro. “É uma opção válida só para quem tem dificuldade de poupar sozinho porque a rentabilidade caiu com a queda da taxa básica de juros (Selic). Quem poupa o mesmo valor sozinho não paga taxa de administração e tem rendimento mais elevado”, afirma.

Embora não cobre juros, o consórcio é reajustado geralmente pelo Índice Nacional dos Custos da Construção (INCC) e tem taxa de administração que chega a 18% e varia de acordo com o número de parcelas . Ou seja, se o consórcio é para uma carta de crédito de R$ 100 mil, o cotista acabará pagando no final R$ 118 mil (mais correção pelo INCC), o que funciona na prática como uma espécie de juros.

De acordo com a advogada Daniela Akamine, especialista em direito imobiliário, o consórcio ainda é atrativo, tendo em vista financiamentos com taxa média de 8% ao ano. “Mas como o prazo é menor, não é uma opção para todos, pois compromete mensalmente um valor alto do patrimônio em relação ao financiamento”, diz.

Serviço

Todos os seis principais bancos do País (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú Unibanco e Santander) oferecem consórcios de imóveis para correntistas. Segundo informações do Banco do Brasil, o valor da carta de crédito da instituição vai de R$ 30 mil a R$ 700 mil e o prazo chega há 200 meses. As cotas são válidas para grupos formados por clientes e não clientes, de pelo menos 400 pessoas a até 9.999.

No banco Itaú Unibanco, os valores também chegam a R$ 700 mil para até 200 parcelas. Na Caixa Econômica Federal, as cartas de crédito têm valores entre R$ 30 mil e R$ 300 mil, pelo prazo de até 180 meses. No Bradesco, o valor mínimo para cada cota é de R$ 50 mil e o valor máximo de R$ 300 mil, mas os clientes podem comprar mais de uma cota. O número máximo de parcelas é de 144 e a taxa de administração para o período máximo fica em 18%.

Diferenças

Consórcio

– O consórcio de imóveis funciona como uma “poupança compulsória” em que o cliente entra em um grupo e paga cotas mensais por determinado período de tempo. Ele poderá receber o bem quando for sorteado ou quando fizer um lance

– Os principais bancos brasileiros oferecem consórcios cujas cotas variam entre R$ 30 mil e R$ 700 mil, com pagamento em até 200 parcelas

– Sobre os valores pagos todos os meses é feita uma correção monetária por meio do Índice Nacional da Construção Civil (INCC). Quem opta por um contrato também deve pagar uma taxa de administração média de 18% para parcelamentos em até 200 cotas

– No consórcio, o comprador não sabe ao certo quando irá receber o bem

– O consórcio não exige pagamento de entrada

Simulação: para adquirir uma cota de consórcio no valor de R$ 95 mil no Bradesco pelo prazo de 144 meses (12 anos) a taxa de administração será de 18%. As quatro primeiras parcelas serão de R$ 1.075,71 e as 140 posteriores serão de R$ 838,21. O valor total pago será de R$ 121.652,24.

Financiamento

– O emprestador paga uma parcela mensal e pode se mudar imediatamente para o imóvel

– Dependendo do valor, é exigida uma entrada, entre 20% e 30% do valor do imóvel xxxxx – O valor a ser concedido depende da renda do mutuário

– O financiamento imobiliário pode ser em até 360 parcelas (30 anos)

– O mutuário paga um taxa de juros que varia de banco para banco, que geralmente fica entre 8% e 12% ao ano. Para o programa Minha Casa Minha Vida, as taxas são menores, a partir de 4% ao ano

Simulação: para financiar um imóvel novo de R$ 95 mil pelo Bradesco, o cliente deve dar uma entrada de R$ 19 mil e poderá pagar R$ 76 mil em 360 meses (30 anos). O valor da parcela mensal será de R$ 799,98 no começo do financiamento pelo Sistema da Amortização Constante (SAC). A taxa de juros cobrada é de 8,9% ao ano

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