Conselho de Medicina reavalia laudo e conduta de médica que deu dipirona a jovem

“O exame feito no corpo indica choque séptico e não anafilático, que é um processo inflamatório oriundo da apendicite e não por conta do remédio aplicado”, afirma o advogado de defesa da médica, Leopoldo Fernandes da Silva Lopes.

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“O exame feito no corpo indica choque séptico e não anafilático, que é um processo inflamatório oriundo da apendicite e não por conta do remédio aplicado”, afirma o advogado de defesa da médica, Leopoldo Fernandes da Silva Lopes.

Mesmo com o resultado do laudo pericial de Letícia Gottardi, 19 anos, que constatou a morte da jovem por anafilaxia, uma reação alérgica mais grave que ela possuía a dipirona, o advogado da médica infectologista Caroline Franciscato de Godoy, 31 anos, irá contestar o documento e pedir a reanálise, a ser feita pelo Conselho Regional de Medicina.

“Um processo de sindicância foi aberto e uma junta médica irá reanalisar o resultado pericial e também a conduta da Dra. Caroline. E exame feito no corpo indica choque séptico e não anafilático, que é um processo inflamatório oriundo da apendicite e não por conta do remédio aplicado”, afirma o advogado de defesa, Leopoldo Fernandes da Silva Lopes.

Em uma primeira consulta, o advogado conta que a menina reclamou de dores na região abdominal e, na consulta com a médica, ela já falava de dores nos ombros. “O hemograma da paciente não detectou nenhuma reação contra eventual alergia. E, se realmente estivesse acontecendo um processo alérgico, seria possível evitar e reverter o quadro. O hospital possui estrutura e seria feito um entubamento, com a aplicação de adrenalina”, diz o advogado Leopoldo.

O advogado ainda cita que valiosas testemunhas não foram intimadas pelo delegado Roberto Gurgel, responsável pelas investigações. “Não sei qual o motivo ele não quis ouvir estas pessoas e agora aguardamos o encaminhamento do inquérito ao Ministério Público. É óbvio que a Dra. Caroline não viu a observação, que foi colocada no verso da ficha de atendimento, um local não apropriado para este tipo de observações e tudo isso será discutido”, conta o advogado Leopoldo.

Todas as alegações da defesa, segundo o advogado, podem mudar o indiciamento da médica. “Podemos até reverter em absolvição o indiciamento de Homicídio Doloso com Dolo Eventual (quando a sabe do risco de praticar tal ato, mas faz mesmo assim). Ninguém sabe ainda quando foi escrita a orientação na receita, outras enfermeiras do hospital dizem outra versão e só uma instrução criminal irá investigar todo o fato”, conclui o advogado.

Comportamento negligente

 Em coletiva na tarde de ontem (4), na DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil), em Campo Grande, o delegado Roberto Gurgel reforçou que esta não seria a primeira vez que a médica teria sido negligente com pacientes. “Nós investigamos e temos vários relatos comprovando que Caroline agia de forma negligente frequentemente”, disse o delegado.

E, no prontuário de atendimento, anexado ao processo, há a observação do médico Iber Gomes Sá Neto, que atendeu primeiramente a paciente, de que ela era alérgica à Dipirona. Em depoimento, a médica relatou ter “folheado” o prontuário de Letícia e afirmou que não viu a observação. Após a morte da jovem, a médica pediu afastamento para a Prefeitura de Bonito, mas foi exonerada do município no dia 9 de maio.

O caso

Letícia Gottardi Corrêa, de 19 anos, foi passar o feriado da Páscoa com a família em Bonito, quando sentiu fortes dores abdominais e procurou ajuda médica no Hospital João Darci Bigaton. Após ser atendida três vezes pela médica infectologista Caroline Franciscato, ela morreu na manhã do dia 7 de abril deste ano.

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