Se por um lado colegas de Assembleia Legislativa concordaram com o autoritarismo do governador André Puccinelli (PMDB) deixado às claras em desabafo do deputado Diogo Tita (PPS), em outro plano eles rebateram falas do parlamentar e garantiram compensar ser deputado.

Tita disse que o eleitor não valoriza o trabalho legislativo e sim a ajuda que o parlamentar fornece na hora das dificuldades. Diante de tantos pedidos, o deputado do PPS revelou ser insuficiente a verba parlamentar para atender as reivindicações das bases, inviabilizando a atividade e, consequentemente, eventual reeleição.

“Compensa sim ser deputado e eu não tenho nenhuma reclamação do meu salário que, inclusive é muito bem pago”, disse o deputado Marquinhos Trad (PMDB). Ele frisou ainda que “respeito não se constrói com dinheiro, mas com credibilidade”.

Por outro lado, ele admitiu receber diariamente apelo por ajuda. “Tento contribuir com o que eu posso”, disse. Como exemplo, ele citou percorrer semanalmente empresas em Campo Grande para distribuir currículos que recebe diariamente em seu gabinete.

Sobre o assistencialismo citado por Tita, o deputado Pedro Kemp (PT) repudiou. “Nunca fiz política a base de doação, meu eleitorado é esclarecido e tem consciência política”, ressaltou. “E estou aqui no meu quarto mandato”, emendou para ressaltar ser possível ser deputado sem ser assistencialista.

Ainda sobre o assunto, o deputado Lauro Davi (PSB) também reconheceu que a Assembleia é frequentemente alvo de pressão por contribuições. “Para alguns bater na porta dos gabinetes virou profissão, tem gente que vive a base disso, mas não vou acostumar ninguém a pagar em troca de voto”, avisou.

Líder do PMDB na Assembleia, o deputado Eduardo Rocha acredita que tanto o trabalho parlamentar quanto a ajuda aos eleitores é determinante para garantir um bom trabalho. “As duas questões têm peso, mas é lógico que se for atender todo mundo não haverá dinheiro disponível”, comentou. Por isso, ele informou peneirar os pedidos levando em conta a importância de cada um.“O que dá para ajudar a gente ajuda”, disse. “E como tenho muitos amigos, às vezes, recorro a eles”, concluiu.

O tucano Márcio Monteiro também disse compensar ser deputado. “Para mim é extremamente prazeroso estar aqui”, declarou. “E me elegi com propostas e não com assistencialismo”, completou.

Tita ainda disse que após onda de denuncismo “a fonte secou” na Assembleia dificultando ainda mais o atendimento aos apelos dos eleitores. “Tenho recebido meu salário em dia”, disse Marquinhos para afastar dificuldades financeiras na Casa de Leis.