Alta do dólar ainda não elevou faturamento de exportadores
A valorização do dólar não foi suficiente para tranquilizar os exportadores brasileiros. Mesmo depois de sair do patamar das temidas cotações abaixo de R$ 2, a moeda americana não tem encorajado os produtores a aumentar o volume de vendas para o exterior. O panorama, aliás, não deve melhorar – a expectativa é de que 2012 […]
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A valorização do dólar não foi suficiente para tranquilizar os exportadores brasileiros. Mesmo depois de sair do patamar das temidas cotações abaixo de R$ 2, a moeda americana não tem encorajado os produtores a aumentar o volume de vendas para o exterior. O panorama, aliás, não deve melhorar – a expectativa é de que 2012 termine com queda no faturamento do setor.
Para muitos exportadores, a alta do dólar ampliou a margem de lucro e deu mais conforto na hora de calcular preços de venda. A insegurança, no entanto, permanece. “Era muito difícil trabalhar com a cotação a R$ 1,60, e por isso a alta foi positiva. Mas essa volatilidade do mercado dá insegurança.
Parece que o Brasil está bem, mas não se pode esquecer que existe uma crise internacional”, diz o presidente da Associação Brasileiras dos Produtores e Exportadores de Limão (ABPEL), Waldyr Promicia. O setor é responsável por faturamento de aproximadamente R$ 40 milhões por ano, referentes à exportação de 15 mil toneladas da fruta. “Continuamos nos perguntando se o melhor é investir ou esperar mais sinais do mercado. Por isso, não estamos pautando nossas exportações a partir dessa alta. Vamos manter o que já exportávamos, sem grande euforia”, diz.
A valorização do dólar deve refletir no faturamento do mercado de exportação apenas em 2013. Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, em 2012, a contribuição dos exportadores para o PIB nacional deve ser negativa, ficando, inclusive, abaixo do previsto. “Em dezembro do ano passado, projetamos que nosso faturamento neste ano seria de R$ 237 bilhões, o que representaria queda de R$ 20 bilhões em relação ao ano anterior. Essa queda está se confirmando, e o número deve cair ainda mais”, diz. Castro explica que o fato de a taxa de câmbio estar mais favorável aos exportadores não representa melhora significativa no comércio internacional. “Em outras partes do mundo, a demanda está retraída, e os produtores agora têm de oferecer preços melhores do que no ano passado”, diz.
Cotação não deve baixar de R$ 2
Diferentemente das commoditties, cujo preço é definido nas bolsas internacionais, produtos como o limão costumam absorver as oscilações da moeda. “Com o dólar baixo, diminuímos a exportação, porque o lucro era mais restrito. Com a falta no mercado importador, o preço do produto acabava aumentando. Nós acompanhamos essa desvalorização, forçando o mercado a repor a perda. Quando o mercado volta a comprar, é possível repor o que o câmbio tirou”, diz. Com a cotação atual, a ação não foi necessária. “Os importadores agora querem até que a gente baixe o preço, já que estaríamos faturando mais. O dólar bom aumenta nossa margem de lucro. Mesmo assim, o volume de vendas continua igual”, acrescenta.
Ao menos nos próximos meses, os produtores não devem mais depender de uma taxa de câmbio abaixo de R$ 2. Segundo Castro, a expectativa é de que a moeda americana siga acima dessa cotação. “É o que o Banco Central sinaliza, mas seria bom se chegasse a R$ 2,30, o que atenderia cerca de 60% das empresas exportadores. A R$ 2,50, atenderia 100%”, afirma.
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