Produtor ajuda ex-roqueiros na busca por sucesso e ‘alma sertaneja’

No ano passado, o guitarrista Renan Augusto pagava as contas com os serviços prestados à banda Hori, que tinha o cantor e ator Fiuk. Assim que o grupo saiu de cena, em dezembro, o rapaz de 23 anos deixou o pop rock de lado e armou uma dupla sertaneja com o amigo Fábio Maciel, ex-guitarrista […]

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No ano passado, o guitarrista Renan Augusto pagava as contas com os serviços prestados à banda Hori, que tinha o cantor e ator Fiuk. Assim que o grupo saiu de cena, em dezembro, o rapaz de 23 anos deixou o pop rock de lado e armou uma dupla sertaneja com o amigo Fábio Maciel, ex-guitarrista da banda Etna e seu parceiro em “Segredo”, gravada pelo Hori.

Assim como os ex-roqueiros, novos artistas podem mudar rumos da carreira com apoio de um produtor. O homem que aconselha os garotos é Santiago Ferraz. O empresário, 50 anos, tem no currículo Leandro & Leonardo, João Paulo & Daniel, Victor & Léo e Chitãozinho & Xororó. A ponte foi feita por Marcelo Ferraz, filho de Santiago e produtor de bandas como Etna e Cine, associadas ao rock colorido.

“Eles têm o sertanejo na alma. Se eles não soubessem cantar sertanejo não daria certo. Eles mandam bem cantando modões antigos de viola”, atesta Santiago. “Sei que tem essa coisa de todo mundo correr atrás pelo sonho de ser rico. Não acredito nisso, eu acredito em talento. O sertanejo passou a ter uma pegada mais moderna, uma cara mais pop. Isso foi natural, não é algo pensado. Não fazemos só para ganhar dinheiro.”

Para ele, é importante que o artista mantenha a sua “verdade” ao misturar gêneros para conquistar novos públicos. Da mesma forma, não pode deixar de lado a essência do estilo escolhido. Artistas do sertanejo universitário como Luan Santana costumam separar uma parte de suas apresentações para músicas tradicionais do sertanejo.

Renan garante que passou a infância ouvindo de Led Zeppelin a Chitãozinho & Xororó. Nos tempos de Hori, escreveu um pop sertanejo divertido chamado “Safada”, que não teve vez no repertório do grupo. Mesmo assim, ele conta que é difícil escapar das críticas.

“Teve uma parcela de pessoas que pensou que eu era oportunista, que estou nessa só porque o sertanejo está bombando. Vamos sofrer muito preconceito”, reconhece. Outro dia em um camarim de um programa de TV, receberam olhares desconfiados de outras duplas por cantar um rock em inglês. “Ficaram olhando meio feio pra gente”, lamenta.

Outro perigo na troca de estilos é perder os fãs conquistados antes da guinada musical. Para Renan, é preciso deixar claro desde o início que você é um roqueiro que curte sertanejo, ou vice-versa. Só assim é possível passear por diferentes tribos sem perder admiradores. “Não foi um susto porque minhas fãs acompanhavam a banda. Quando começou a falar do futuro dos caras do Hori, elas já arriscaram que eu iria seguir pelo sertanejo”, recorda Renan, que prepara CD e DVD ao vivo com seu novo parceiro a ser lançado no segundo semestre, com músicas como “Saudades”, “Amor de semana” e “Essa é nossa história”.

“Há um tempo, um empresário veio conversar e pediu pra gente puxar mais o ‘r’, querendo moldar a gente. Eu falei ‘bicho, na boa… não dá’. Todo mundo iria perceber que é algo que não vem da gente”, conta. “Seja para montar uma banda de rock ou uma dupla sertaneja, ou de axé… Em qualquer estilo, tem que acreditar. No desespero, tem gente que faz qualquer coisa por sucesso.” As covers de artistas famosos do gênero escolhido ajudam a blindar o artista. “Estamos fazendo shows com versões de Luan Santana, Michel Teló, Chitãozinho & Xororó”, enumera Renan.

Para Santiago, o mercado brasileiro detecta quando um artista está fora de sua praia. “O Brasil é o país do modismo. Surge uma moda e vai todo mundo atrás. Foi assim com pop rock nos anos 80, com o axé nos anos 90. Tem artista carioca fazendo sucesso com música baiana. Renan & Fábio são garotos urbanos do pop rock que cantam sertanejo”, conclui.

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