Presídio feminino de Corumbá elege Miss Primavera e Miss Plus
O Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, de Corumbá, finalizou na sexta-feira, 30 de setembro, as atividades referentes à Semana da Primavera, com a realização de um concurso de beleza. Segundo a diretoria do estabelecimento penal, Laila Ramos Hassan, esta foi a décima edição do Miss Primavera que, este ano, trouxe uma inovação: a […]
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O Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, de Corumbá, finalizou na sexta-feira, 30 de setembro, as atividades referentes à Semana da Primavera, com a realização de um concurso de beleza. Segundo a diretoria do estabelecimento penal, Laila Ramos Hassan, esta foi a décima edição do Miss Primavera que, este ano, trouxe uma inovação: a inserção de um concurso paralelo denominado Miss Plus, voltado para as mulheres “mais cheinhas”.
“Há uns três anos, teve início o concurso em nível estadual em Campo Grande, mas nós já realizávamos a escolha da Miss há mais tempo. Já trouxemos uma segunda colocação para Corumbá e, a cada ano, a expectativa é de conquistar o título para nossa cidade”, comentou Laila ao ressaltar que essas atividades contribuem para resgatar sentimentos muitas vezes perdidos com a rotina da reclusão.
Segundo a psicóloga Telma Camacho dos Santos Lequizamon da Silva, as atividades da Semana da Primavera, que envolvem momentos educativos, culturais, religiosos e lúdicos, cumprem um importante papel.
“A princípio é estar oferecendo para elas esse momento de reflexão, de entendimento, de mudança de conceito. Com as atividades terapêuticas a gente vai desenvolvendo todas as expressões, a autoestima, e com isso buscamos transformar o conceito inicial que era o ilícito, o ganho fácil do dinheiro. Quando a pessoa têm restrita a sua liberdade, fica tolhida e essas atividades que a gente promove é para fazer essa religação de conceito, de significado”, explicou.
As treze candidatas ao título de Miss Primavera e as oito ao de Miss Plus se apresentaram com roupas esportivas ou casuais e também em trajes mais requintados. Acompanhando o capricho nos modelos, cabelo, maquiagem e manicure impecáveis. Toda essa produção foi composta pelas colegas de cela de cada candidata com a ajuda de agentes penitenciárias.
No corpo de jurados, representantes de entidades ligadas aos direitos da mulher, consulado da Bolívia e profissionais que desempenham funções no próprio estabelecimento penal. Saber que está sendo avaliada, pode ser um motivo para se intimidar, mas segundo a mineira Tainara Martins, 22 anos, que concorreu ao Miss Plus, o desfile serviu para vencer uma barreira.
“Nunca tinha participado de um concurso de beleza e eu me acho bastante tímida, mas venci a timidez e penso que fiz uma boa apresentação. Eu aposto que o que faz diferença está no olhar e tenho isso como um ponto forte”, revelou ao explicar que não se deixa abater pela atual condição de reclusão. “Isso ajuda a gente a distrair nossa cabeça, levanta nossa autoestima porque estamos presas, mas não podemos deixar isso nos esmorecer, eu me acho bonita”, afirmou a candidata.
Com 23 anos, Jéssica Andrade já traz experiência no concurso Miss Primavera, já que ano retrasado também esteve na disputa pela mais bela reeducanda de Corumbá. Ela contou que, este ano resolveu encarar o concurso novamente incentivada pelas próprias colegas.
“Querendo ou não, aqui é um lugar pesado e isso nos ajuda bastante a aliviar essa carga porque desfaz nossa rotina. Na hora de se apresentar, é como na vida, a gente ergue a cabeça e vai em frente”, disse a jovem ao se referir como lida ao estar sob avaliação no concurso.
Inovação
Seguindo a sugestão de uma reeducanda, o calendário de atividades incluiu, pela primeira vez, o concurso para Miss Plus, aquele voltado para mulheres que estão acima das medidas padrões, uma tendência que vem sendo seguida pelo mercado da moda.
A paulista Sorania de Souza Leite, 30 anos, contou que a ideia do desfile para candidatas plus surgiu depois que uma colega foi taxada por outras reeducandas como alguém que não poderia competir no concurso tradicional.
“Quando encontrei a diretora aqui, sugeri a ela um concurso exclusivo para as gordinhas e ela gostou da proposta e, de imediato, montamos o desfile, daí, acabou que eu entrei na disputa e outras colegas também se animaram”, disse. A corumbaense Cristel Martins, 21 anos, adorou a ideia e, durante sua apresentação, esbanjou charme e segurança ao corpo de jurados.
“Eu achei muito bacana porque só as magrinhas, antes, é que tinham chance. O diferencial da gordinha é que ela é charmosa”, apontou a candidata.
As vencedoras
No concurso de Miss Primavera, candidatas de Corumbá desfilaram ao lado de representantes dos estados do Pará e Minas Gerais, além de outras nacionalidades como Angola e Bolívia. Na disputa com sotaques diferentes prevaleceu a beleza legitimamente negra de Angola com a candidata Vissolela de Almeida Carlos Branco. Ela será a representante de Corumbá no concurso estadual que ocorrerá ainda este ano em Campo Grande.
O segundo lugar ficou com a morena de olhos verdes, Jéssica Andrade Farinha. Ela ganhou o título de Miss Elegância e comemorou com as colegas que a incentivaram à disputa. Em terceiro lugar, a Miss Simpatia, Claudinéia dos Santos.
Na categoria Plus, a vencedora foi uma de nossas entrevistadas, a mineira, Thainara Martins que venceu a timidez e provou que sua maior arma, o olhar, conquistou os jurados.
Atualmente, o Estabelecimento Penal Feminino, em Corumbá, tem 146 reeducandas.
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