Participação do trabalho na renda nacional cresceu 14% entre 2004 e 2010, diz Ipea

A participação do rendimento do trabalho na renda nacional aumentou 14,4%, entre 2004 e 2010. Isso foi possível porque a renda per capita anual dos brasileiros cresceu em média 3,3% e houve melhora do índice da situação geral do trabalho a um ritmo de 5,5% ao ano. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica […]

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A participação do rendimento do trabalho na renda nacional aumentou 14,4%, entre 2004 e 2010. Isso foi possível porque a renda per capita anual dos brasileiros cresceu em média 3,3% e houve melhora do índice da situação geral do trabalho a um ritmo de 5,5% ao ano.

A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que divulgou nesta quinta-feira (4) o estudo Natureza e Dinâmica das Mudanças Recentes na Renda e na Estrutura Ocupacional Brasileira, que também constatou uma queda de 10,7% no grau de desigualdade na distribuição da renda do trabalho no período.

O estudo cobre um período de 50 anos, abrangendo as transformações na estrutura social brasileira a partir dos anos 1960 até o atual momento, destacando as características das mudanças, suas causas e efeitos e a singularidade do momento recente. Ele analisou o comportamento do emprego e da renda no país, dividido em três períodos: 1960 a 1970, 1981 a 2003 e a partir de 2004.

O estudo constatou, por exemplo, que na década de 1960, embora o país apresentasse um ritmo de expansão da renda per capita extremamente forte, média de 4,6% ao ano, a participação do rendimento do trabalho na renda nacional caiu 11,7%, enquanto o grau de desigualdade ns distribuição da renda do trabalho aumentou 21,9%.

O período de 1981 a 2003 apresentou uma renda praticamente estagnada para o conjunto da população, com média anual de apenas 0,2% de alta, o mesmo ocorreu com a distribuição de renda que apresentou redução de 0,1%.

Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o padrão de transformação social vivido pelo Brasil é positivo devido a redução da desigualdade e ampliação da participação dos salários na renda nacional, com a elevação do emprego, especialmente o formal.

Na avaliação de Pochmann, as transformações estão associadas a razões diversas que incluem alterações na estrutura produtiva do país. “Hoje o setor terciário responde pela principal fatia da geração de emprego. No entanto, estas ocupações geradas são ocupações vinculadas a remunerações relativamente baixas – em torno do salário mínimo – e chegam a responder por 95% dos postos de trabalho que o Brasil gerou na década de 2000”.

Pochmann ressaltou, no entanto, que foi exatamente o aumento do nível de emprego em torno do valor do salário mínimo que exerceu influência positiva na redução da pobreza. “Nós tivemos uma ampliação do número de postos de trabalho com salário menor, em torno do salário mínimo, e foi este conjunto de vagas que permitiu a entrada no mercado, do trabalhador oriundo de uma condição de extrema pobreza. É preciso lembrar, ainda, que o salário mínimo teve uma recuperação real, permitindo que esses trabalhadores e suas famílias saíssem da condição de extrema pobreza”.

Ele alertou, porém, para o fato de que a sustentação dessas “transformações exitosas” que o Brasil vive no período recente, depende, cada vez mais, da preparação e qualificação da mão de obra para a ocupação dos postos de trabalhos, mas também da capacidade de antecipar quais setores gerarão mais empregos, “porque se não tivermos bons empregos, muitas vezes a qualificação da mão de obra não será suficiente para manter este padrão de redução das desigualdades e ampliação da participação da renda do trabalho no conjunto da renda nacional”.

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