Para diretor do BC, câmbio flutuante é importante para país enfrentar turbulências na economia mundial

O regime de câmbio flutuante é um importante instrumento para que o Brasil possa enfrentar turbulências na economia internacional, “sendo capaz de absorver choques externos, ao menor custo para a sociedade”, disse hoje (19) o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos e de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Luiz […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O regime de câmbio flutuante é um importante instrumento para que o Brasil possa enfrentar turbulências na economia internacional, “sendo capaz de absorver choques externos, ao menor custo para a sociedade”, disse hoje (19) o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos e de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva.

Em palestra realizada no 30º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex 2011), no Rio de Janeiro, Awazu acrescentou que o governo poderá reintroduzir “rapidamente” medidas emergenciais adotadas no auge da crise financeira internacional, em 2008, “na eventualidade de deterioração do cenário externo” e caso a crise atual venha a afetar o setor exportador. Ressaltou, porém, que “o Banco Central agirá somente se e quando for necessário”.

Na avaliação do diretor do BC, as bases do crescimento interno, bem como os fundamentos da economia nacional, são sólidos. Isto reforça a tendência de tornar a nossa moeda (o real) um ativo importante tanto para a alocação de recursos, como para a diversificação de riscos. Considerou que a tendência estrutural de apreciação do real reflete mudanças nos polos de dinamismo da economia global “e revela uma melhora nos fundamentos da economia brasileira”.

O diretor do BC declarou ainda que a apreciação do real tem acompanhado o movimento registrado em outros países. Nos últimos 12 meses, ele disse que o real ocupa a nona posição entre as moedas que mais se valorizaram ante o dólar. Citou, entre as de maior apreciação o franco suíço, que valorizou 32% no período, o dólar australiano (17%) e o yen, do Japão, cuja apreciação foi 12%. “Ou seja, mesmo as moedas de países com diferenciais de juros pequenos em relação ao juro americano estão sujeitas a processos de apreciação”.

Awazu destacou o papel do setor exportador para o crescimento da economia brasileira, contribuindo para o aumento de produtividade e a diminuição das vulnerabilidades externas. Para ele, esses são elementos fundamentais para que o Brasil possa enfrentar os desafios globais. Segundo o diretor do BC, esta “robustez” deu ao país maior previsibilidade para decisões de investimentos, criando um ciclo virtuoso para as empresas.

As melhorias introduzidas na economia são “sólidas e sustentáveis”, declarou. Disse que o Brasil hoje está mais preparado para enfrentar o cenário internacional complexo de grandes desafios, “mesmo que ele continue desacelerando”.

Awazu destacou, porém, que o momento atual não prevê a repetição da intensidade da crise de 2008. Os sinais são de desaceleração da economia global, mas não existem sinais de colapso. “O momento é de atenção, mas não é de pânico”.

Segundo ele, a combinação de um cenário internacional em desaceleração e robustez da economia brasileira torna o país um polo de atração de capital de todos os tipos. Daí ser preciso evitar o ingresso de capital especulativo de curto prazo que pode provocar instabilidades e levar a um aumento excessivo de crédito, ao crescimento da volatilidade e à exacerbação da tendência de apreciação do câmbio, além de pressão inflacionária e elevação acentuada de preços de ativos, como ações e imóveis, recomendou.

“Nós devemos ser extremamente cautelosos”, ressaltou o diretor do BC. “Não podemos nos descuidar. Precisamos continuar vigilantes, adotando medidas sempre que necessárias, de forma tempestiva”.

Conteúdos relacionados