Pai que descobriu filho entre vítimas de atropelamento que ajudava vira símbolo de paz
Um pai que descobriu o próprio filho ao socorrer vítimas de um atropelamento em meio aos distúrbios desta semana na cidade de Birmingham se transformou em herói na Grã-Bretanha. Enquanto centenas de jovens muçulmanos e siques juravam vingança pela morte de Haroon Jahan e outros dois homens, Tariq Jahan fez um apelo por calma e […]
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Um pai que descobriu o próprio filho ao socorrer vítimas de um atropelamento em meio aos distúrbios desta semana na cidade de Birmingham se transformou em herói na Grã-Bretanha.
Enquanto centenas de jovens muçulmanos e siques juravam vingança pela morte de Haroon Jahan e outros dois homens, Tariq Jahan fez um apelo por calma e pela união das diferentes comunidades. Seu discurso foi visto como decisivo na diminuição das tensões raciais na cidade.
“A intervenção que ele conseguiu fazer, que foi uma das mais fortes, generosas e visionárias que eu já vi, em um momento de absoluta dor e devastação, eu acredito que foi uma intervenção decisiva para que Birmingham não sofresse tensão e violência entre comunidades”, disse o comandante da polícia Chris Sims.
Atropelamento
Na terça-feira, Haroon Jahan, de 21 anos, Shazad Ali, de 30 anos, e Abdul Musavir, de 31, foram atropelados por um carro em alta velocidade. Segundo os relatos de Tariq Jahan, todos os moradores estavam nas ruas, tentando proteger a comunidade de saqueadores, depois que um clube e um posto de gasolina foram destruídos durante as revoltas.
Ele contou que ouviu um barulho e viu três pessoas no chão.
“Meu instinto foi ajudar as três pessoas. Eu não sabia quem elas eram ou se estavam feridas. Eu estava ajudando o primeiro rapaz e alguém veio e me disse que meu filho estava deitado atrás de mim. Eu comecei a fazer massagem cardíaca no meu próprio filho, meu rosto estava coberto de sangue, minhas mãos, cobertas de sangue”, contou ele.
“O homem que o matou dirigiu na direção de um grupo de pessoas e matou três rapazes. Por quê? Qual é a razão de se fazer isso?”
“Eu não culpo o governo, eu não culpo a polícia, eu não culpo ninguém”, disse ele.
“Eu perdi meu filho. Negros, asiáticos, brancos, nós todos vivemos na mesma comunidade. Por que temos que matar uns aos outros? Por que estamos fazendo isso? Dê um passo à frente se você quer perder seu filho. Caso contrário, fique calmo e vá para casa. Por favor.”
Elogios
Depois do discurso que teve repercussão nacional, em entrevista ao jornal The Times, Jahan disse que não sente ódio e falou de perdão.
“Eu não sei se sou modelo ou herói. Eu sou um pai. Tudo o que quero é que haja paz para que eu e minha família possamos rezar pelo meu filho.”
Na quinta-feira, um homem de 32 anos que havia sido preso por suspeita de assassinato foi libertado sob fiança. Outro homem de 26 anos e dois rapazes, de 16 e 17 anos, também foram presos em conexão com a morte dos três homens em Birmingham.
Vítimas
Um estudante da Malásia que foi roubado após ser atacado e ferido por saqueadores na segunda-feira também disse sentir pena dos homens que o atacaram e disse que havia crianças de escola primária entre eles.
O caso de Asyraf Haziq ficou conhecido depois que um vídeo foi publicado no YouTube, mostrando rapazes que fingiam ajudá-lo e acabavam roubando coisas de dentro de sua mochila.
Um homem de 68 anos que estava em coma após ser espancado enquanto tentava apagar um incêndio provocado por saqueadores morreu devido a seus ferimentos, em Londres.
Esta foi a quinta morte ligada às revoltas, depois do atropelamento dos três homens em Birmingham e da morte de um homem a tiros no sul de Londres.
Tumultos
Ao todo, mais de 1,5 mil pessoas foram presas por causa da violência nas ruas da Grã-Bretanha esta semana, mil delas em Londres.
Tribunais têm funcionado durante a madrugada para julgar os indiciados e muitos infratores vêm recebendo sentenças mais duras que o normal, após críticas da polícia e de políticos.
Em um desses casos, um homem foi condenado a seis meses na prisão por ter roubado uma caixa de água de R$ 8.
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