Operários terceirizados da Eldorado, parados há uma semana, oficializam greve em MS

Paralisados desde terça-feira passada (09), a greve dos cerca de 5 mil operários, que trabalham na construção da fábrica de papel e celulose Eldorado Brasil S/A, em Três Lagoas, foi legalizada nesta segunda-feira (15). Parte das reivindicações, que garante o cumprimento de leis trabalhistas vigentes, de caráter administrativo, foi acordada por quatro das empresas envolvidas, […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Paralisados desde terça-feira passada (09), a greve
dos cerca de 5 mil operários, que trabalham na construção da fábrica de papel e
celulose Eldorado Brasil S/A, em Três Lagoas, foi legalizada nesta segunda-feira
(15).

Parte das reivindicações, que garante o cumprimento
de leis trabalhistas vigentes, de caráter administrativo, foi acordada por
quatro das empresas envolvidas, na noite de quarta-feira (10), perante a
Promotoria do Ministério Público do Trabalho, no Município.

Entretanto, está marcada uma nova reunião com a
Promotoria, no dia 23 de agosto, para que as demais empresas, prestadoras de
serviços para a Eldorado, assinem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Esse
documento amparará os trabalhadores caso ocorra o descumprimento de alguns dos artigos.

Porém ainda não há acordo entre outros itens
considerados fundamentais para os trabalhadores.

Greve

Segundo o advogado do Sindicato dos Trabalhadores da
Construção Civil Pesada (SINTIESPAV/MS), João Afonso Petenatti, algumas das demais
reivindicações já foram negociadas entre a classe trabalhadora, o Sindicato e
as empresas.

“A princípio, eram sete itens pendentes, mas já
entramos em acordo em alguns casos. Entre eles, a disponibilização de ambulância
no alojamento próximo a BR-158, o pagamento de 40% do salário todo dia 20 do mês
corrente (vale), ampliação do plano de saúde para que haja atendimento odontológico
e a disponibilização, sem ônus ao trabalhador, de passagem de avião, caso ele
resida há mais de mil quilômetros da obra”, afirmou Petenatti.

Entretanto, Petenatti alegou que ainda há pendências
as quais as empresas se negam a entrar em acordo.

“Solicitamos vale-alimentação de R$ 200, um piso
para os operários oficiais (aqueles que executam serviços especializados, como
de carpinteiro e pedreiro) de R$ 1.200 (hoje é de R$1.000), e o pagamento da
hora “in itinere”, pois o trabalhador gasta, diariamente, cerca de uma hora e
meia nos percursos de ida e volta da obra – que fica a 38 quilômetros de Três
Lagoas. Contudo as empresas mantêm a decisão de negar a concessão desses benefícios
e passaram a não atender nossas ligações telefônicas”, informou.

Alojamentos

Conforme exposto pelo advogado do SINTIESPAV/MS, a situação
de alguns alojamentos é caótica. O Midiamax procurou adentrar em alguns deles,
mas teve a entrada negada.

“Se a empresa responsável pela fiscalização desses
locais cumprisse essa função. Verificaria as condições desumanas existentes em parte
dos alojamentos oferecidos à esses trabalhadores”, denunciou Petenatti.

Em um deles, nossas câmeras registraram, através de
cima do muro, que alguns dos quartos são feitos do mesmo tipo de compensado
utilizado para cercar construções. Segundo os operários que residem no local,
as dependências são deploráveis e sem higiene.

“Não vamos denunciar onde nos alojaram, pois a dona
é uma senhora de 80 anos, que depende dessa renda para viver, mas aqui residimos
como animais. É assim que a empresa nos vê”, explicou um dos trabalhadores, que
não quis se identificar.

Empresas

O Midiamax tentou contato telefônico com algumas
das empresas que prestam serviços à Eldorado, mas não obteve êxito nas ligações,
pois os telefones sinalizavam como fora de área.

Conteúdos relacionados