Nível de contaminação de água e ar de Nova Friburgo é testado após tragédia
Doze dias após a tragégia que deixou mais de 800 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro, um especialista viajou a Nova Friburgo para testar o nível de contaminação da água, da lama e do ar de um dos municípios mais devastados pelas chuvas de janeiro, e apontar quais as principais doenças a que […]
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Doze dias após a tragégia que deixou mais de 800 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro, um especialista viajou a Nova Friburgo para testar o nível de contaminação da água, da lama e do ar de um dos municípios mais devastados pelas chuvas de janeiro, e apontar quais as principais doenças a que os moradores estão expostos.
O Rio Bengalas, que corta a cidade, foi o primeiro a ser testado. “Nós estamos coletando aqui porque nós queremos saber qual o grau de contaminação deste rio. Visivelmente, ele está fora dos padrões. Toda essa cheia aconteceu aqui nesse rio, no lugar que estamos, estava completamente submerso”, diz Gandhi Giordano, engenheiro sanitarista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
As análises, feitas num laboratório acreditado pelo Inmetro, revelam um nível alto de contaminação por coliformes fecais. “Na água do rio, nós analisamos escherichia coli que é uma bactéria que é presente no intestino de pessoas. O limite dela permitido é de 800 unidades por 100 militros, que é um copo pequeno de água, então são 800. Lá tinha 68 mil”, alerta o professor. O número encontrado é 85 vezes maior que o limite.
Amostras da água fornecida pela rede de abastecimento da cidade também passaram por testes, que comprovaram que quem recebe água da rede está bebendo e lavando alimentos em água limpa.
Níveis altos de coliformes fecais
Já as amostras de lama e poeira, que é a lama seca, não trazem boas notícias. Na lama, foram encontrados 92 mil coliformes fecais a cada 100 mililitros: 115 vezes mais coliformes fecais do que o tolerado.
No ar, foram encontradas mais de 2 mil bactérias por metro cúbico. O resultado é 13 vezes o pior já encontrado por um laboratório na cidade do Rio. O ar está também cheio de fungos, 15 vezes mais que a pior medição.
Uma pessoa respira dois metros cúbicos de ar por hora. Os moradores de Nova Friburgo, então, estão respirando cerca de 4 mil bactérias e 4 mil fungos por hora.
“Me causa alergia”, reclama uma moradora.
“Estou com medo de pegar alguma doença pulmorar por causa da poeira”, diz outra, usando máscara.
Doenças respiratórias
Mas para Esper Kallás, infectologista da Universidade de São Paulo (USP), o uso de máscara não resolve o problema. “Ajuda muito pouco porque ela perde a eficiência muito rápido. Além do que ela só consegue proteger contra essa poeira mais grosseira porque a poeira mais fina ela passa pela máscara”, explica o infectologista.
E essa poeira contaminada com fungos pode provocar conjuntivite, rinite e sinusite. “Ela aumenta o risco de alergias respiratórias pras pessoas que tem essa sensibilidade”, alerta Esper.
A poeira também pode desencadear doenças respiratórias. “A poeira pode irritar as vias respiratórias e provocar quadros igual ao desse neném”, aponta o infectologista, mostrando um bebê que recebe tratamento contra bronquite, em um abrigo.
E quanto mais gente vivendo e dormindo no mesmo ambiente, mais facilmente um vírus ou bactéria pode se espalhar. “Essa é uma situação emergencial. E ela tem que ser o mais provisória possível, com o passar do tempo, a aglomeração, nessas condições de habitação que são muito precárias, começam a facilitar a transmissão de algumas doenças. As mais comuns são doenças de transmissão respiratória. Um exemplo delas é a gripe. E são doenças de transmissão por contato e transmitidas através de alimentos”, explica Esper.
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