Moradores ‘pregam’ em árvore bicicleta de garoto morto atropelado por caminhão

Gesto é uma alerta contra a violência no trânsito de Campo Grande. Vinícius Maciel, 9, morreu ao atravessar uma avenida do bairro Jardim Montevidéu; ele tinha ido com um amigo encher o pneu da bicicleta

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Gesto é uma alerta contra a violência no trânsito de Campo Grande. Vinícius Maciel, 9, morreu ao atravessar uma avenida do bairro Jardim Montevidéu; ele tinha ido com um amigo encher o pneu da bicicleta

Em forma de protesto e para alertar sobre a violência no trânsito de Campo Grande, moradores da Avenida Ana Rosa Castilho Ocampo, no Jardim Montevidéu, colocaram a bicicleta de Vinicius Nunes da Cunha Maciel, 9 anos, que morreu atropelado por um caminhão no dia 27 de abril passado, em uma árvore próximo do local do acidente. A avenida possui três quilômetros e apenas uma lombada em todo o percurso.

Após o acidente, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande (Agetran) instalou um quebra-molas no local onde o menino foi atropelado.

Segundo o pai do amigo de Vinicius, Silvano Nunes, de 44 anos, a bicicleta foi colocada pelo pai do garoto em sinal de protesto da violência causada pelo trânsito na avenida.

”A avenida Ana Rosa é um autódromo e não adianta colocar só uma lombada onde aconteceu o acidente .Os caminhões passam aqui para poder ir para a BR-163”, explica.

A pedagoga Elisângela Trindade, 31 anos, que mora a poucos metros de onde aconteceu o acidente disse que a avenida é muito movimentada, mas onde foi instalado o quebra-molas reduziu um pouco a velocidade dos veículos, mas nas outras regiões os motoristas ainda andam em alta velocidade.

“Eu tenho uma filha de 9 anos e não a deixo brincar em frente de casa. Eu cuido para que ela não ponha os pés fora para fora. Eu a deixo brincando no quintal do fundo de casa. Todas as vezes que preciso atravessar está rua fica de mãos dadas com a minha filha”, explica.

Nunes afirma ainda que a noite os caminhoneiros que não estão acostumados com lombada se atrapalham e acabam passando com velocidade acima do permitido. ”A noite o barulho que faz dá para ouvir a várias quadras de distância”, argumenta.

Ele disse que a mãe da vítima já havia perdido uma filha de 15 anos que contraiu Lupus – doença auto-imune que ataca o próprio organismo – antes de perder o filho atropelado. A mãe da criança está de férias do trabalho e ele acredita que ela vai conseguir superar essa crise.

No momento em que a reportagem estava conversando com moradores, dois adolescentes de 15 e 13 anos, estavam passando de bicicleta pela avenida e conversaram com a equipe.

Eles relataram que não têm medo de andar de bicicleta pela avenida, mas fica prestando atenção o tempo todo. “Eu ando de bicicleta de frente para os carros e fico olhando para os lados. Até hoje me lembro da cena [morte de Vinicius], fiquei uns três dias sem dormir. Acredito que foi falta de atenção dos dois (menino e motorista). É difícil colocar a culpa em alguém”, disse a jovem de 15 anos.

Entenda o caso

O acidente ocorreu quando Vinicius e mais um amigo de 12 anos estavam em duas bicicletas na rua Itambé. Quando chegaram no cruzamento, a criança de 9 anos atravessou a preferencial da avenida Ana Rosa Castilho Campo e foi atingida pelo caminhão Volkswagen, modelo 23220, de placas HRO 8903, carregado de areia, que era dirigido por Genivaldo Ferreira Martins, de 30 anos.

A criança chegou a ser arrastada 20 metros pelo caminhão. O amigo que estava junto com Vinícius disse que os dois tinham acabado de ir à bicicletaria para encher os pneus das bicicletas.

O menino disse que pediu atenção para Vinícius no momento em que eles iriam passar pela avenida, porém, a criança acabou não parando e atravessando a preferencial.

A mãe de Vinicius ficou bastante abalada e teve que ser atendida pelo Corpo de Bombeiros.

“Um caminhão acabou de pegar meu único filho”, teria dito a mãe após o acidente Moradores da região estão indignados por conta do acidente, segundo populares, muitos veículos como caminhões trafegam em alta velocidade na avenida Ana Rosa Castilho Campo.

“Passou da hora de ter um redutor de velocidade, aqui é carreta direto”, disse o motorista carreteiro Jean Fernandes de Oliveira.

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