Gaddafi busca apoio de rebeldes islâmicos, diz filho
O regime de Muammar Gaddafi está cortejando rebeldes islâmicos para que se voltem contra os insurgentes liberais, disse o filho do governante líbio em entrevista, confirmando os esforços de Trípoli para aproveitar as divisões dentro da oposição, as quais ficaram claras com o recente assassinato do principal comandante militar rebelde. O jornal The New York […]
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O regime de Muammar Gaddafi está cortejando rebeldes islâmicos para que se voltem contra os insurgentes liberais, disse o filho do governante líbio em entrevista, confirmando os esforços de Trípoli para aproveitar as divisões dentro da oposição, as quais ficaram claras com o recente assassinato do principal comandante militar rebelde.
O jornal The New York Times disse que um dirigente rebelde da facção religiosa, citada por Saif al Islam Gaddafi como sendo o seu interlocutor, confirmou os contatos, mas negou ter rompido com os seus aliados liberais.
Em seus 41 anos no poder, Gaddafi tem reprimido duramente os ativistas islâmicos, e muitos deles aderiram à insurgência iniciada há cinco meses para tentar depor o governante.
Rumores de divisões dentro do movimento rebelde se intensificaram desde que o general Abdel Fattah Younes foi assassinado, depois de ser convocado para voltar da linha de frente para Benghazi, a “capital” dos rebeldes no leste da Líbia.
Saif al Islam disse ao Times que o governo e os militantes islâmicos irão divulgar nos próximos dias uma declaração conjunta anunciando sua aliança. “Os liberais vão fugir ou serão mortos”, afirmou o filho de Gaddafi, que já foi apontado como um reformista e possível sucessor dele.
“Vamos fazer isso juntos… A Líbia vai ficar parecendo a Arábia Saudita, o Irã. E daí?”, disse ele. “Sei que eles são terroristas. Eles são sanguinários. Eles não são legais. Mas é preciso aceitá-los.”
Segundo ele, os contatos do regime foram com Ali Sallabi, o “verdadeiro líder” da rebelião e o “guia espiritual” dos militantes.
Falando ao Times, Sallabi disse que foi procurado pelo regime, mas continua participando da rebelião. “Os liberais são parte da Líbia (…), acredito no direito deles de apresentarem seu projeto político e convencerem as pessoas a respeito dele.”
Sallabi disse ainda que Saif al Islam teve “muitas discussões” com a oposição. “A primeira coisa discutida foi a saída deles do poder”, acrescentou.
A morte de Younes ainda não foi totalmente esclarecida. Ela expôs rivalidades tribais dentro da insurgência, e também divisões entre as alas islâmica e liberal, além de gerar preocupações sobre a estabilidade líbia caso os rebeldes consigam tomara o poder.
Saif al Islam disse que representantes de Trípoli se reuniram em duas ocasiões na Itália depois que Younes rompeu com o governo – ele era ministro do Interior, cargo em que fez muitos inimigos – e aderiu à rebelião.
“Dissemos a ele: ‘Você afinal será morto, porque está brincando com as cobras’, e ele disse: ‘absurdo’”.
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