Futebol feminino deve evitar as manhas do masculino, afirma representante da Uefa

O futebol feminino é claramente livre da teatralidade que mancha os jogos dos homens e não deve se permitir ser contaminado pelo sucesso, disse a primeira integrante do sexo feminino no comitê executivo da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), Karen Espelund, em entrevista à Reuters. Ela afirmou que o recente sucesso da Copa […]

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O futebol feminino é claramente livre da teatralidade que mancha os jogos dos homens e não deve se permitir ser contaminado pelo sucesso, disse a primeira integrante do sexo feminino no comitê executivo da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), Karen Espelund, em entrevista à Reuters.

Ela afirmou que o recente sucesso da Copa do Mundo da Alemanha de futebol feminino, vencida pelo Japão, com impressionante audiência televisiva, jogos dramáticos e estádios lotados, também trouxe sinais preocupantes de que o esporte pode estar perdendo seu senso de fair play.

Três jogadoras, todas da Coreia do Norte, foram pegas em testes de doping, houve protestos de que a Guiné Equatorial havia colocado um homem entre os jogadores, na fase de classificação para a Copa, e o Brasil foi considerado uma exceção à prática de usar métodos eticamente questionáveis para ganhar uma partida.

A Confederação de Futebol Africano chegou a dizer que iria investigar os protestos contra a Guiné Equatorial, que se classificou para a Copa, mas nunca anunciou resultado algum.

“De certo modo, isto mostra que o futebol feminino está ficando atraente, no sentido de que é importante vencer, estar entre as melhores”, disse Karen, que foi convidada a integrar o comitê executivo da Uefa e assumiu o posto no mês passado.

“Por outro lado, é um desdobramento triste e terrível e nós precisamos deter isso antes que vá mais longe.”

Mas Karen, secretária-geral da federação norueguesa por dez anos, disse que a situação ainda está muito distante da dos jogos dos homens.

“A atmosfera do lado das mulheres é diferente. As equipes ficam no mesmo hotel, o que é algo inimaginável no futebol masculino. Acho que as mulheres deveriam evitar aprender com os homens e manter as coisas como estão, respeitando o jogo limpo, respeitando as oponentes”, afirmou.

“É fácil apitar um jogo feminino porque elas respeitam o árbitro. Há mais em jogo nas competições dos homens, há mais dinheiro em risco. Até o momento as mulheres jogam por orgulho e honra, mas não muito por dinheiro. Essa poderia ser uma das razões de suas atitudes.”

COMPARAÇÕES CONSTANTES

Apesar do sucesso da Copa do Mundo e do contínuo crescimento nas equipes de base, o futebol feminino continua a lutar para atrair patrocinadores e tempo de transmissão na TV. Karen diz que não há solução fácil para isso.

“Nós estamos em uma situação em que o futebol masculino é realmente forte, e ninguém quer enfraquecer essa posição, mas como conseguiremos atrair mais patrocinadores para o futebol feminino?”

“Nós precisamos de clubes que encontrem patrocinadores que o façam com o coração, que desejem que as garotas tenham a possibilidade de um desempenho em nível nacional.”

Ela acrescentou que o esporte continua a sofrer com as constantes comparações com os jogos dos homens.

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