Família acha que espancamento causou morte de adolescente internado em Unei

Rapaz de 16 anos foi internado outras vezes antes de morrer no Hospital da Vida, na madrugada do dia 4 de julho. Mãe afirma que família nunca foi avisada sobre os fatos. Pelo atestado de óbito, ela acredita que o jovem foi espancado na Unei Laranja Doce, que fica em Dourados

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Rapaz de 16 anos foi internado outras vezes antes de morrer no Hospital da Vida, na madrugada do dia 4 de julho. Mãe afirma que família nunca foi avisada sobre os fatos. Pelo atestado de óbito, ela acredita que o jovem foi espancado na Unei Laranja Doce, que fica em Dourados

Um recente caso de violência pode ter acontecido dentro de Unidade Educacional de Internação (Unei). Desta vez, a família do adolescente Elieverton Freire Viana, 16 anos, interno da Unidade Laranja Doce, em Dourados, suspeita que ele morreu depois de sofrer agressões físicas.

A mãe, Rosana Carolina Viana, afirma que, antes de falecer no Hospital da Vida, o filho havia sido internado, mas nenhum familiar foi comunicado. Os parentes buscam orientação jurídica para mover uma ação contra o Estado, já que o rapaz estava sob a responsabilidade do poder público.

Elieverson morreu no Hospital da Vida na madrugada de domingo, 31 de julho. A mãe garante que um agente ligou e se identificou como Fábio. O funcionário contou que o menor estava internado na unidade hospitalar e que o médico que o atendia solicitava a presença da família. “Ele ligou era umas 3h da madrugada e por volta das 4h veio a notícia da morte”, diz a mãe.

Familiares afirmam que o jovem havia sido levado a um posto de saúde e depois internado no Hospital Vida, porém em nenhuma destas circunstâncias, foram comunicados pela direção da Unei. A mãe garante que ficou sabendo da primeira internação do adolescente porque sua vizinha o viu e contou para ela, já na quinta-feira (28).

“Eu bem que estava estranhando a falta de contato dele porque toda quinta eles têm o direito de ligar pra família, mas naquele dia não tinha feito isto. Foi graças à vizinha que fiquei sabendo de tudo”, relata.

Ao saber da internação do filho, Rosana foi visitá-lo no Hospital Vida. Ele era escoltado por um agente da Unei, que permanecia no corredor. Rosana conta que ao chegar questionou se o rapaz havia se envolvido em alguma briga. “Ele levantou a cabeça pra ver se o agente estava na sala e quando o viu no corredor, se abaixou e encheu o olho de água. Eu percebi que alguma coisa estava errada, mas ele ficava só calado quando eu perguntava”, relata.

No sábado (30), a mãe ficou sabendo que o filho havia recebido alta médica e, mais uma vez, afirma que a família não foi comunicada. O rapaz passou mal novamente e foi levado de volta para a unidade hospitalar onde morreu por volta das 4h da manhã do domingo (4).

“O médico disse que ele enfartou, mas na certidão de óbito diz que ele teve ruptura do baço, trauma abdominal fechado. Duvido que meu filho tenha se agredido a tal ponto de provocar isto nele mesmo. A gente acha que ele apanhou lá dentro”, pondera.

Contato na Unei

A mãe do menor infrator, que estava cumprindo medida sócioeducativa por ter cometido um assalto à mão armada, afirma que viu Elieverton vivo na Unei há aproximadamente três semanas. Depois disto, ela foi impedida de visitá-lo porque está grávida de sete meses. Da última vez, não durou mais que cinco minutos porque eu fui lá levar o tio dele para fazer a carteirinha de visitante. Eu já não podia mais entrar. Eu senti ele bastante triste, perguntei o que era, mas ele não disse nada. Acho que é porque tinha agente perto e a assistente social”, lembra.

Ainda de acordo com Rosana, o filho estava com uma faixa de pano enrolada em um dos braços. Ela disse que questionou o que era e ele disse que se tratava de um tumor, porém foi impedido de mostrar para a mãe por uma funcionária da Unei.

Orientação

Na tarde desta terça-feira Rosana vai depor na 2ª delegacia de Polícia Civil de Dourados. Depois disto sua intenção é ir até a Ordem dos Advogados na cidade e pedir auxílio sobre o caso da morte do filho. Uma primeira iniciativa na intenção de acionar o Estado já foi feita, que foi comunicar o caso à Promotoria da Infância do município. “Dinheiro ou qualquer outra coisa não vai trazer meu filho de volta, mas isto não pode ficar assim”, explica.

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