Em prestação de contas do PP aparecem nota fiscal de empresa fantasma e gastos ‘escusos’
Sob a presidência do ex-deputado federal Antonio Cruz, o Partido Progressista teria pagado R$ 10 mil a uma empresa que não existe (foto); por conta da denúncia, cúpula do partido tirou Cruz do comando regional, mas, por meio judicial, ele manteve-se no cargo
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Sob a presidência do ex-deputado federal Antonio Cruz, o Partido Progressista teria pagado R$ 10 mil a uma empresa que não existe (foto); por conta da denúncia, cúpula do partido tirou Cruz do comando regional, mas, por meio judicial, ele manteve-se no cargo
Notas frias, reuniões que não aconteceram, seminário político que não teve a participação dos convencionais e até mesmo funcionária da sede regional do partido que recebia pela Câmara Federal. Esses são os ingredientes da briga que assola o Partido Progressista em Mato Grosso do Sul.
O Midiamax teve acesso a documentos que mostram notas fiscais supostamente fraudadas denunciadas por membros do partido durante reunião no início de janeiro, onde a comissão executiva estadual do PP em MS, pediu a destituição o ex-deputado federal Antonio Cruz da presidência da sigla, e o irmão dele, Eliezer Ferreira da Cruz do cargo de tesoureiro.
A acusação: desvio de dinheiro do fundo partidário.
Na justiça, Cruz conseguiu a anulação da decisão, e ai que começaram a aparecer as notas. Logo após a decisão judicial, o vice-presidente do partido progressista, Luiz Pedro Guimarães, declarou que iria até as “últimas consequências” para provar os desmandos do ex-deputado Antonio Cruz na presidência do partido.
“A nossa intenção era resolver isso na paz, poupar um desgaste público quando nos foram relatados os fatos citados na ata”, disse ele na ocasião.
As notas
Um evento no valor de R$ 10 mil para “organização e realização de seminário político/partidário nos dias 27 e 28 de novembro de 2009 em Corumbá – MS”. Essa a descrição da nota fiscal nº 440 da empresa “Cardoso Comercial e Serviços”.
A nota emitida em 30 de novembro de 2009 já estava vencida. Conforme consta no rodapé da mesma, o prazo máximo de emissão era 26 de junho de 2009. Há ainda outra nota, emitida pela mesma empresa em data anterior, para o mesmo evento e na mesma cidade, porém com o valor de R$ 3,7 mil
Segundo a nota fiscal, a empresa situada na Rua São Ramão, nº 183 no Bairro Santa Luzia. A reportagem do Midiamax foi até o local e não localizou a empresa. Na casa indicada no número que consta na nota fiscal, um bar fechado e nos fundos há uma residência.
A pessoa que atendeu a reportagem preferiu não se identificar. Segundo ela, o dono da casa se chama Elton e ali nunca existiu uma empresa de organização de eventos. Os vizinhos questionados pela reportagem também afirmaram que nunca souberam do funcionamento da empresa naquela casa.
Reunião de convencionais
De acordo com a documentação que o Midiamax teve acesso, há uma nota da churrascaria “Gaúcho Gastão”, restaurante tradicional da Capital. Segundo consta na nota datada de 6/4/10, no local aconteceu uma reunião partidária com os convencionais do partido.
No entanto, quatro deles ao serem indagados pela reportagem negaram ter participado de tal evento, apesar de serem “convencionais” do PP. Um deles foi Geraldo Magel. “Eu sou convencional, mas não fui chamado para participar dessa reunião”, afirma.
O secretário executivo Francisco Sá também garante que não esteve no local no dia indicado pela nota. “Não participei e não tomei conhecimento do assunto nem dessa convenção. São coisas erradas que agora estão aparecendo, mas não tenho nada para falar, sou só um secretário executivo”, esquivou-se.
Presidente do diretório municipal, Paulo Matos também não foi até a reunião partidária. “Não tenho conhecimento desse evento”, apontou.
O vice-presidente Luiz Pedro garante que nenhum deles foi “convidado” para a reunião. “Há apontamentos para essa reunião ‘partidária’, mas não foi uma reunião de convencionais. Como uma reunião de membros da executiva do partido não tem a presença de vice-presidente, secretários e diretores?”, questiona ele.
Mandatários o deputado estadual Alcides Bernal e o vereador pela Capital Lídio Lopes se indignaram ao serem questionados da reunião. “Nunca fui convidado para nenhuma reunião, e nem participei deste jantar indicado”, garantiu Lídio.
Recém eleito, Bernal afirmou que não soube do evento e nunca foi chamado para nenhuma reunião da sigla.
Já no restaurante citado na nota, a informação da responsável pela empresa é que lá são realizadas várias reuniões de partidos políticos e que ela não poderia indicar ou afirmar quem foi ou não em um determinado evento.
“Sou paga somente para fazer o evento e o jantar”, apontou.
Outro lado
Procurado por nossa reportagem, o ex-deputado federal disse que estava em reunião e que não poderia falar sobre o assunto no momento.
Em Brasília, a assessoria do Senador Francisco Dornelles, presidente nacional dos progressistas informou que o dirigente não falará sobre o assunto. Em 2009, segundos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o Partido Progressista enviou R$ 155 mil de fundo partidário para o PP em Mato Grosso do Sul.
Já nacionalmente em 2010, o PP recebeu o valor de R$ 13,5 milhões do Fundo Partidário Nacional. Segundo o TSE, recursos como esses são provenientes de um fundo especial de assistência aos partidos políticos, formado pelas multas e penalidades eleitorais, recursos financeiros legais, doações espontâneas privadas, dotações orçamentárias públicas, ou seja, um dinheiro público.
Notícias mais lidas agora
- Polícia investiga ‘peça-chave’ e Name por calúnia contra delegado durante Omertà
- Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
- Suspeito flagrado com Jeep de ex-superintendente nega envolvimento com assassinato
- Ex-superintendente de Cultura é assassinado a pauladas e facadas no São Francisco em Campo Grande
Últimas Notícias
Com atraso em cirurgias, sistema de refrigeração estraga e Santa Casa muda CTI do Trauma
Setor passa por alterações temporárias, o que altera a lista de procedimentos
Justiça determina liberdade de grupo preso após perseguir e atirar contra desafeto em Sidrolândia
Suspeitos foram presos na última segunda-feira (9) pela Polícia Civil
Projetos ‘chaves’ para 2025, reforma administrativa e LOA foram aprovadas pelos vereadores durante a semana
Vereadores de Campo Grande aprovaram orçamento de R$ 6,8 bilhões para próximo ano
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.