Diretor do FMI diz que não existe receita ideal para o controle de fluxo de capitais

O Fundo Monetário Internacional (FMI) não tem uma receita estruturada para controlar fluxos de capitais e evitar o excesso de liquidez mundial. Em seminário promovido pelo FMI sobre a administração de fluxos de capitais em países emergentes, no Rio de Janeiro, o diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, afirmou hoje (27) que […]

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) não tem uma receita estruturada para controlar fluxos de capitais e evitar o excesso de liquidez mundial. Em seminário promovido pelo FMI sobre a administração de fluxos de capitais em países emergentes, no Rio de Janeiro, o diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, afirmou hoje (27) que não há uma solução definida para aplicação de medidas nesse campo. “Ainda não sabemos qual é a solução ideal para essa situação”. Ele revelou que o assunto é objeto de debate no FMI há um ano e meio.

Tradicionalmente, segundo Blanchard, o FMI sugere aos países duas ferramentas para a administração desses fluxos, a formação de reservas e o controle fiscal. As reservas são os recursos que um país tem, disponíveis para gastar emergencialmente, caso necessite. Elas garantem a estabilidade da moeda. Já o controle fiscal diz respeito à contenção de gastos públicos.

Segundo o diretor de pesquisa do FMI, no seminário, foram apontadas outras medidas as quais os países podem lançar mão para controlar o fluxo de capitais, que, em volume excessivo, é nocivo às economias. Entre essas medidas, estão a política monetária, as medidas macroprudenciais e o controle de capital.

Ou seja, o controle da inflação, com a manutenção do poder de compra da moeda, no caso da política monetária e a restrição do crédito, como tem sido feito no Brasil, como medida macroprudencial, cujo efeito é garantir a robustez do sistema financeiro, impedindo uma pressão sobre a inflação. O controle de capitais, por sua vez, é um instrumento usado para evitar a saída de recursos do país.

Blanchard destacou, entretanto, que cada caso é um caso e que as medidas de controle podem ser adotadas em conjunto, ou não. “Não há uma receita para essas medidas serem aplicadas”, reforçou. Ele observou que o controle dos fluxos de capitais “é uma questão de estrutura técnica e [essa questão] não pode ser tratada de forma política ou ideológica” e que deve ser feito pelos países conforme a realidade de suas economias.

Remessas de dinheiro ou valores, feitas por investidores (empresas ou fundos), de um país para outro, os fluxos de capitais podem ter efeito produtivo, quando o investimento é de longo prazo e gera riqueza e empregos no país receptor dos recursos, ou especulativo, quando os investimentos são de curto prazo e visam ao lucro imediato.

Blanchard reconheceu que existe atualmente, no mundo, um fluxo excessivo de capitais. De acordo com relatório divulgado, em abril, pela Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), as economias em desenvolvimento receberam pela primeira vez, em 2010, mais da metade do fluxo mundial de investimento estrangeiro direto (IED). Essas movimentações subiram 23% no ano passado, em relação a 2009, atingindo US$ 316 bilhões, enquanto o fluxo global de IED subiu 13%, totalizando US$ 1,346 trilhão.

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