Dilma vira nome de favela no Rio de Janeiro

Não há sinais do programa Minha Casa, Minha Vida ou do Plano Nacional de Saneamento Básico nas vidas das 30 famílias da recém-batizada Comunidade da Dilma Rousseff, na zona oeste do Rio, à margem da BR-465. O esgoto corre no meio dos terrenos, o lixo precisa ser queimado periodicamente pois não há coleta e insetos […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Não há sinais do programa Minha Casa, Minha Vida ou do Plano Nacional de Saneamento Básico nas vidas das 30 famílias da recém-batizada Comunidade da Dilma Rousseff, na zona oeste do Rio, à margem da BR-465.

O esgoto corre no meio dos terrenos, o lixo precisa ser queimado periodicamente pois não há coleta e insetos infestam as casas rústicas de alvenaria. Como homenagem à presidente e “para ver se ela pode ajudar a comunidade”, os moradores decidiram dar o nome da governante à favela.

Cartazes simples, impressos com tinta preta em folhas de papel A4, foram logo pregados à cerca erguida a menos de um metro da rodovia – a antiga estrada Rio-São Paulo. O primeiro “documento” com o novo nome da comunidade tem uma foto irreconhecível da presidente e uma lista das reivindicações de seus habitantes: saneamento, instalação de uma grade na ponte vizinha, construção de uma passarela, regularização da rede de energia elétrica e coleta de lixo.

“Aqui a luz e a água são ‘gatos’ da rede pública. Não tem rede de esgoto e ninguém passa pra recolher o lixo. Quando acumula muito, a gente queima ou leva na praça que tem aqui perto”, conta Domingas Alexandrina Coelho, de 33 anos. “Até semana passada, a comunidade nem tinha nome. Decidimos chamar de Dilma como homenagem e pra ver se de repente ela ajuda a gente.”

Poucos na favela têm renda fixa para se sustentar. Domingas não trabalha e o marido, Vagner Gonzaga dos Santos, faz bicos como ajudante de pedreiro. Se não consegue trabalho, o casal e os três filhos, que frequentam a escola, passam o mês com os R$ 96 que recebem do Bolsa Família. Fã de Lula e Dilma, foi Vagner quem teve a ideia de dar o nome da presidente à comunidade. “O governo do Lula e da Dilma é o governo do pobre – e nós somos pobres. Os projetos deles ajudaram muita gente”, diz Vagner, que é pastor.

Os moradores da favela sabem que a ocupação da região é ilegal (pertence a “uma empresa gringa”, que não sabem identificar) e gostariam de ter casas melhores – ali ou em outros lugares. Com poucas informações sobre programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, eles esperam o dia em que serão despejados para receber indenizações ou um novo imóvel.

“Aqui é um lugarzinho bom, mas as condições são muito precárias”, conta a vendedora ambulante Maria da Paixão Cerqueira da Silva, de 23 anos, mostrando o rosto coberto de picadas de insetos da filha de 2 meses. “Não sei se o esgoto e o lixo atrapalham a nossa saúde, mas quase sempre tem alguém doente aqui”, afirma o ajudante de pedreiro Beraldo Silva de Souza.

Conteúdos relacionados