Dilma associa desmate a expectativa de impunidade

Em conversa com oito ex-ministros do Meio Ambiente, a presidente Dilma Rousseff sinalizou nesta terça-feira que haveria alguma relação entre o aumento do desmatamento e a expectativa de que o novo Código Florestal pode aumentar a impunidade, afirmaram os ex-ministros Carlos Minc e Marina Silva. “A presidenta Dilma manifestou que ela tem a sensação de […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Em conversa com oito ex-ministros do Meio Ambiente, a presidente Dilma Rousseff sinalizou nesta terça-feira que haveria alguma relação entre o aumento do desmatamento e a expectativa de que o novo Código Florestal pode aumentar a impunidade, afirmaram os ex-ministros Carlos Minc e Marina Silva.

“A presidenta Dilma manifestou que ela tem a sensação de que esse aumento do desmatamento em Mato Grosso e em outras áreas tem realmente que ver com uma expectativa que se criou de que se pode fazer qualquer coisa nas APPs (Áreas de Preservação Permanente) e que os desmatamentos poderão ficar impunes”, afirmou Minc ao sair do encontro.

“Ela realmente manifestou essa sensação”, acrescentou Minc.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na semana passada, o desmatamento na Amazônia em março e abril deste ano chegou a 593 quilômetros quadrados, com crescimento de 472,9 por cento ante igual período do ano passado. Só o Estado do Mato Grosso respondeu por 480 quilômetros quadrados deste total.

Segundo Marina, a presidente) manifestou sua preocupação com o aumento do desmatamento ” só com a expectativa de aprovação da lei”.

Marina, Minc e outros seis ex-ministros do Meio Ambiente entregaram a Dilma uma carta solicitando o adiamento da votação, prevista para esta terça-feira.

A votação do novo Código Florestal na Câmara já foi adiada três vezes. O polêmico relatório do deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP) vem causando divergências entre os deputados e também no governo.

VETO

Segundo Minc, Dilma também reiterou que poderia vetar emendas incluídas na lei que causem impunidade e prejudiquem o meio ambiente.

“Ela manifestou apreensão em relação a alguns pontos que considera inaceitáveis. A ideia de uma anistia é inaceitável para ela”, afirmou Minc.

“A ideia da ocupação com pecuária de APPs é inaceitável e ela manifestou que se houvesse algum tipo de formulação que impedisse um veto parcial, poderia chegar até a um veto total”, disse, acrescentando, porém, que a presidente não tem interesse em um veto total.

O ex-ministro Rubens Ricupero ressaltou também que a aprovação de regras agressivas ao meio ambiente não são benéficas para o agronegócio, uma vez que prejudicariam a imagem dos produtos brasileiros no exterior.

“Isso vai gerar para o agronegócio complicações inimagináveis”, disse Ricupero.

Além de Marina, Minc e Ricupero, participaram da reunião com Dilma os ex-ministros Sarney Filho (governo Fernando Henqique Cardoso), Henrique Brandão Cavalcanti (governo Itamar Franco), Fernando Coutinho Jorge (governo Itamar) e Paulo Nogueira Neto (governos Médici, Geisel e Figueiredo).

Conteúdos relacionados