Beira-Mar planejou sequestrar filho de Lula de dentro do presídio de Campo Grande

Ação custaria meio milhão de reais ao traficante, que tinha consigo ao menos 200 fotografias que exibiam a rotina de Luiz Cláudio, um dos filhos do ex-presidente; ideia era trocar a soltura do sequestrado pela liberdade de Beira-Mar

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Ação custaria meio milhão de reais ao traficante, que tinha consigo ao menos 200 fotografias que exibiam a rotina de Luiz Cláudio, um dos filhos do ex-presidente; ideia era trocar a soltura do sequestrado pela liberdade de Beira-Mar

Luiz Fernando Beira-Mar, o mais famoso traficante brasileiro, teria tramado o sequestro de um dos filhos do ex-presidente Lula, de dentro do presídio federal, em Campo Grande (MS), segundo investigação da Polícia Federal.

O caso, noticiado na edição desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo, é apurado pela Justiça Federal, aqui na Capital.

O plano do traficante, que ficou detido em Campo Grande de 2007 até o dia 18 do mês passado era o de negociar sua liberdade e de outros comparsas ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa criada uma década atrás dentro de presídios de São Paulo, com a soltura do filho de Lula. Hoje, Beira-Mar cumpre pena no presídio federal da Catanduvas, interior do Paraná.

Toda a trama fora revelada à PF pelo também traficante Juan Carlos Abadia, colombiano, outro que cumpriu pena em Campo Grande.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o plano de Beira-Mar era seqüestrar Luiz Cláudio Lula da Silva, 23, que já atuou como auxiliar de preparação física do Palmeiras, quando o clube era treinado pelo técnico Wanderlei Luxemburgo.

O jornal paulista diz que o plano de seqüestro fora discutido por Beira Mar entre dezembro de 2007 e agosto de 2008. O crime foi evitado pela PF, mas os supostos envolvidos, incluindo o traficante, respondem a uma ação penal na Justiça Federal em Mato Grosso do Sul sob acusação de formação de quadrilha em razão da tentativa.

Ainda segundo o jornal, as investigações da PF em 2008 indicam que o traficante pretendia negociar sua liberdade e a de outros presos -entre eles Marcos Hebas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo- em troca da soltura do filho de Lula.

Beira-Mar estaria contrariado com a prisão de sua ex-mulher, em 2007, e com a segurança no presídio.

A trama começou a ser investigada a partir de denúncia do traficante colombiano Juan Carlos Abadia, em janeiro de 2008.

Na época, Abadia estava no presídio de Campo Grande, assim como Beira-Mar. O traficante colombiano revelou o plano de sequestro à direção da penitenciária. Contou que Beira-Mar já tinha cerca de 200 fotos da rotina de Luís Cláudio. Abadia foi submetido e aprovado no teste conhecido como detector de mentiras.

O colombiano, segundo a polícia, decidiu delatar o antigo companheiro de presídio para negociar a transferência de sua mulher, presa em São Paulo, para outra instituição no mesmo Estado.

A transferência, segundo diz a investigação, não se concretizou. O colombiano então parou de passar informações. Em 2008, foi extraditado para os EUA.

FINANCIAMENTO

A Folha de S. Paulo diz que as investigações da PF afirmam que o próprio Abadia financiaria o sequestro junto com Beira-Mar. Este, de acordo com o colombiano, gastaria US$ 500 mil para executar o plano.

Após a denúncia de Abadia, um policial federal se infiltrou no esquema fazendo-se passar por um representante do colombiano.

No dia 11 de julho de 2008, esse policial conversou e gravou um diálogo com um emissário de fora do presídio a serviço de Beira-Mar.

“Quem te mandou foi o próprio Beira-Mar?”, pergunta o policial disfarçado.

“Ele mesmo”, responde Leandro de Oliveira, o contato de Beira-Mar.

“Ele falou para eu levar 350.000 e…”, disse o policial.

“Lá no Rio vão te levar até o braço direito dele, do Beira-Mar. E o convidado [o sequestrado] vai ser o preparador físico do Palmeiras [Luís Cláudio, então auxiliar de preparação física do clube de futebol]”, responde Leandro.

Relatório da PF do Rio de Janeiro, de 2008, aponta que a definição do alvo está embasada no “constrangimento a ser causado ao presidente da República diante da ciência de que a decisão pela libertação [dos presos] será política; e a facilidade de execução do plano fundada na qualidade/quantidade de segurança do alvo”.

O policial infiltrado também se encontrou com o advogado Vladimir Búlgaro, que defende o assaltante de banco José Reinaldo Girotti. Também preso em Campo Grande, ele confirmou o plano para a direção do presídio. (com informações do jornal Folha de S. Paulo)

Conteúdos relacionados